Os desafios de mensurar a dor (5)

Os desafios de mensurar a dor (5)

Os descritores verbais são utilizados quando as explicações pertinentes ao uso das escalas (pacientes com dificuldades em usar graduações numéricas) não forem suficientes para o paciente. Assim considerando, em lugar de números ou, juntamente com os números, pode-se introduzir uma escala com outros descritores verbais, tais como: sem dor, branda, moderada, severa, muito severa e a pior dor possível, para indicar diferentes magnitudes da intensidade de dor percebida.  Os descritores também podem ser modificados para serem usados na avaliação do grau de desprazer provocado pela dor, para avaliar o grau de alívio ou conforto (satisfação com a analgesia ou tratamento) obtido pelo de alguma intervenção analgésica ou terapêutica não medicamentosa, ou, mesmo, para avaliar o comprometimento das funções das funções cotidianas (ver instrumentos multidimensionais).

Escala de categoria verbal-numérica (EVN) - A EVN é, em contexto clínico-hospitalares, uma das ferramentas mais comumente usadas para a mensuração da intensidade da dor. Usando categorias numéricas, a tarefa do pacientes consiste em estimar a sua dor numa escala de 0 a 10, ou numa escala de 0 a 5 categorias, com 0 representando “nenhuma dor” e 5 “quando forem 5 categorias) ou 10 (quando forem 10 categorias) indicando “a pior dor imaginável). Os níveis de intensidade de dor são mensurados na consulta inicial, acompanhando o tratamento e periodicamente em conformidade com os objetivos clínicos. Ela é recomendada para todos os pacientes com idade acima de 9 anos e que sejam capazes de usar números para estimarem a intensidade de sua.

Escala Facial de Dor (EFD) - A escala facial de dor é também uma escala de categorias, mas com descritores visuais, usando, no caso, expressões faciais que refletem magnitudes de intensidade de dor diferentes. A EFD consiste de oito (às vezes, sei ou sete) imagens de faces com várias expressões emocionais, tais como, sorrindo, carrancuda e fazendo careta feia. O paciente selecionada a face que é correspondente ao seu nível atual de dor. As instruções de uso requerem que o clínico explique à criança (ou paciente adulto, se for o caso) que cada face é de uma pessoa que se sente feliz porque ela não tem nenhuma dor, ou triste porque ela tem alguma ou muita dor.  À criança (ou outro paciente que não pode expressar-se corretamente, tais como, idosos ou com alguma incapacidade cognitiva ou pós-operatória), é solicitado que escolha a face que melhor descreve como ela se sente naquele momento. É importante, todavia, que a criança claramente entenda que a primeira face representa nenhuma dor e que a última face é o valor extremo definido. A escala também pode ser adaptada para avaliar a magnitude dos diferentes correlatos afetivos associados à dor.

Os sistemas mais comuns de codificação para mensurar a intensidade de dor são de 0-5 ou de 0-10. Obviamente, se um clínico preferir usar a escala de 0-10, o registro de um escore dor igual a 5 tem um significado muito diferente do que aquele que preferir usar a escala de 0-5. A codificação apropriada das seis faces na escala de 0-10 deve fazer uso dos números 0, 2, 4, 6, 8 e 10 para cada face respectivamente (ver a Figura 3).  Todavia, pode ocorrer de que um paciente afirmar que sua dor está entre duas faces. Neste caso, é apropriado usar uma medida no meio destas duas faces. Teoricamente, a EFD pode ser usada como três escalas porque ela combina expressão facial, categorias numéricas e descritores verbais. Todavia, a razão para colocar números e palavras abaixo das expressões faciais é para significar o uso da escala. O processo de avaliar a intensidade da dor com esta escala é simples e eficiente. Primeiramente, a criança olha as faces e, em seguida, o clínico, ou os próprios pais, usam simples palavras para descrever a expressão, enquanto que o número é usado para registrar o escore.

Instrumentos multidimensionais - Chamamos de instrumentos multidimensionais aqueles que medem não apenas a intensidade, mas, também outros aspectos da experiência da dor. Estes são utilizados quando instrumentos unidimensionais não podem aferir adequadamente a complexidade da experiência da dor, assim como quando fracassam. Por sua vez, esta complexidade da experiência de dor, bem como a importância de uma avaliação acurada da dor clínica, tem promovido a explosão de uma variedade de escalas multidimensionais mais elaboradas. Subjacente a esta abordagem insere-se a suposição de que a dor é inerentemente multidimensional, isto é, a dor é percebida como variando simultaneamente em intensidade ao longo de várias dimensões qualitativamente diferentes. Embora não utilizadas de forma tão frequente quanto poderiam ser, as escalas que avaliam as características hedônicas e os múltiplos atributos da dor, tais como, sua localização, duração, intensidade e qualidade, fornecem importantes informações acerca da experiência e dos efeitos da dor sobre a vida diária do pacientes. Estas escalas são construídas para serem auto aplicadas, mas um clínico (ou pais, ou outro avaliador) pode ajudar o paciente.

 

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