Os segredos da liderança (III)

Os segredos da liderança (III)

           Pense num líder. Pensou? Por que ele é um bom líder? Talvez você tenha entendido que ele é um bom líder porque ele é consciencioso, íntegro, ou, talvez, porque ele, estabelecendo caminhos, fornecendo recursos e motivando os membros do grupo, dirige a equipe para alcançar metas. Mas, neste caso, por que os líderes são bons? Talvez, também, porque eles têm habilidade para fazer bem o que fazem e, com isso, alcançar o sucesso. Uma habilidade é a capacidade para fazer alguma coisa bem. As habilidades podem ser concebidas em termos gerais e específicos. Exemplos de habilidades gerais incluem o raciocínio conceitual e as habilidades interpessoais. Exemplos de habilidades específicas incluem tomada de decisão e solução de problemas. Os líderes, em diferentes situações, devem tomar decisões difíceis, e rapidamente. Frequentemente, eles não têm tempo para pensar, intensamente, sobre cada decisão que fazem, e cada decisão tem múltiplas, e complicadas, consequências. Por tomarem decisões muito rapidamente, supõe-se que os líderes sejam pensadores intuitivos, significando que eles não despendem muito tempo analisando situações complexas. Há, também, um elemento estratégico nas tomadas de decisões do líder, como, por exemplo, os elementos organizacionais mais amplos, tais como, as linhas de produção e as áreas de inovação.

        Por causa da complexidade, e rapidez, envolvidas nas decisões estratégicas, os líderes não devem, simplesmente, usar a intuição para tomá-las, mas, também, analisar os elementos da situação, a saber: 1º) os objetivos a serem alcançados; 2º) as ações, ou táticas, que serão mais eficazes para alcançar esses objetivos; e 3º) as causas envolvidas na situação. Também, no dia-a-dia, os líderes se deparam com vários, e diferentes, tipos de problemas sociais. Estes, extremamente complexos e pouco definidos, reclamam líderes hábeis, que os solucionem rápida e eficientemente, sendo que, uma das melhores soluções, continua sendo resolver múltiplos problemas de uma só vez. O que faz da habilidade de solucionar problemas, portanto, uma das habilidades mais fundamentais no processo de liderança.

          Ainda, neste contexto das habilidades, o que emerge é o planejamento, processo contínuo sobre o que os líderes têm de fazer nas organizações. Líderes devem pensar em ações futuras e como as consequências das mesmas podem ajudá-los, e aos seus seguidores, a alcançarem as suas metas. Planejamento é muito importante para as organizações, pois os líderes devem planejar suas atividades diárias, bem como, a maneira de dividir com outros as suas tarefas, ajudando, com isso, as organizações a serem competitivas para enfrentarem as mudanças globais.

          Três outras grandes habilidades também se destacam: inteligência emocional, inteligência social e habilidade para aprender. Por inteligência emocional entenda-se a habilidade para reconhecer seus próprios sentimentos e os sentimentos de outros, bem como, a habilidade para manejar emoções de tal modo que estas não interfiram com o pensamento, e o comportamento, das pessoas. Um líder que tenha inteligência emocional é muito mais hábil para solucionar problemas, tomar decisões e manejar o tempo, e as crises, organizacionais. Por sua vez, por inteligência social entenda-se a habilidade para reconhecer, e escolher, a melhor maneira de lidar com as situações interpessoais. Dois elementos da inteligência social são importantes: 1º) a percepção social, habilidade para reconhecer as necessidades e os potenciais problemas e oportunidades para a organização, além de pleno entendimento das características organizacionais e as relações envolvidas nas mesmas; e 2º) a flexibilidade comportamental, habilidade e desejo de mudar o comportamento em resposta a uma situação, envolvendo tomar uma variedade de situações diversas, julgando sua eficácia, mudando o próprio comportamento quando necessário.

Finalmente, há a habilidade para aprender. Nos dias atuais, em que tudo muda rapidamente, muito competitivo e, tecnologicamente, pesado, a adaptação tem uma elevada recompensa. As organizações devem ser hábeis, não apenas, em obter novos conhecimentos como, também, em usar este novo conhecimento para se adaptar a um ambiente continuamente em mudança. A habilidade para aprender da experiência, e adaptar-se da mudança, é muito importante para os líderes em tais ambientes turbulentos. Esta habilidade envolve um desejo de mudar seus próprios pensamentos, e comportamentos, considerando a melhor forma de otimizá-las. Também envolve autoconsciência, ou o reconhecimento de suas próprias fraquezas e potencialidades.

Considerando a liderança como um processo, você pode, certamente, desenvolver suas próprias habilidades para se tornar um líder bem-sucedido. Veja em si próprio.

          Após a 2ª Guerra Mundial, à medida que o interesse sobre as teorias dos traços da liderança passou a registrar queda de entusiasmo, pesquisadores começaram a questionar se liderança poderia emergir apenas em pessoas especiais, com determinados atributos, ou não. Deram início, então, a pesquisas sobre se liderança era muito mais sobre as ações de uma pessoa do que sobre seus atributos, tais como, inteligência, personalidade, motivação e outros. Surgiam, com isso, as teorias comportamentais da liderança, que sugeriam que os comportamentos desta se enquadravam em duas grandes categorias, a saber, Comportamentos orientados para a tarefa e Comportamentos orientados para os relacionamentos.

          Comportamentos que envolviam organizar o trabalho das pessoas, bem como, fornecer direções a elas, enquadravam-se na primeira categoria ou, algumas vezes, também chamada, de “Iniciadores de Estrutura”. Por sua vez, os comportamentos que envolviam construir e manter relacionamentos, motivando seguidores, enquadravam-se na segunda categoria, também chamada de “Consideradores dos outros”. Para os teóricos comportamentais, liderança era muito mais sobre o que as pessoas faziam do que sobre os traços que elas traziam consigo. Segue-se, então, que, mesmo se alguém não nascesse com um certo conjunto de traços, que poderiam fazê-lo um bom líder, aquela pessoa poderia aprender os comportamentos associados com a liderança eficaz. Assim, se você perguntar a um teórico da liderança comportamental se os líderes nascem, ou aprendem, a serem líderes, ele, provavelmente, argumentaria que eles podem aprender a sê-lo caso fizessem as ações que são orientadas para a liderança.

          Com o avanço das pesquisas neste cenário de teorias comportamentais, os pesquisadores adicionaram duas novas, e interessantes, categorias: participação e comportamentos orientados para mudança. Em relação à liderança participativa, entende-se que um líder estimula seus subordinados a tomarem importantes decisões e, também, em melhorar a comunicação entre ele e os membros do grupo. O papel do líder, neste caso, sendo reunir o grupo, guiando as discussões para estar seguro de que elas são construtivas e norteadoras de o grupo na busca por soluções. Importante relembrar, todavia, que o líder será, ainda, responsável pelo que o grupo decidir, ainda que o grupo esteja muito envolvido nas decisões.

          Por sua vez, comportamento orientados para a mudança envolvem aqueles que são dirigidos para encorajar e facilitar as mudanças nas organizações. Estas não podendo continuar sendo competitivas caso mantenham seus atuais processos de produção, ou serviços. Elas devem, continuamente, criar novos produtos e serviços, a fim de alcançar sucesso a longo-prazo, pois, certamente, um dos fatores mais importantes envolvidos na adaptação bem-sucedida das organizações é uma liderança eficaz.

          A literatura recente indica, também, a existência de alguns comportamentos específicos, que têm sido aventados dentro da liderança comportamental. Um deles, denominado “Modelando o papel”, utilizado pelos líderes para estabelecer um clima organizacional (ou de equipe). Estes comportamentos devem ser apropriados para cada tipo de ambiente de trabalho. Outro comportamento específico é o “Suporte”, que envolve o líder prover o tempo e os recursos necessários para se realizarem os projetos, alcançando as metas estabelecidas. Por adição, importa, também, que o líder mostre entusiasmo para desenvolver um dado projeto, de maneira que possa ganhar suporte e apoio, bem como, os recursos que se fizerem necessários aos níveis hierárquicos mais elevados da organização, de forma a se concretizarem todos os projetos propostos para tal.

          Finalmente, as teorias sugerem que os líderes sejam hábeis em fornecer feedback, ou seja, comportamentos que forneçam avaliação e direção para os trabalhos de seus seguidores. Depreende-se, então, que o que, de fato, os líderes fazem, ou seja, seus comportamentos, constitui o elemento-chave para o processo da liderança eficaz em várias situações.

 

Compartilhar: