Acidentes de trânsito e uso de drogas

Acidentes de trânsito e uso de drogas

               É bem estabelecido que, dirigir sob influência de álcool, aumenta-se o risco de envolvimento em acidentes de trânsito. Todavia, pouco se sabe sobre os efeitos de drogas medicinais, ou ilícitas, nestes mesmos acidentes. Os poucos estudos já realizados sobre o assunto lidam, apenas, com uma, ou poucas, drogas, nem todos incluindo meta-análises que estimem os efeitos de cada droga nos riscos de acidentes. Recente estudo a ser publicado no periódico Accident Analysis and Prevention (2012) efetuou vasta revisão avaliando o risco de acidentes associados ao uso de drogas enquanto dirigindo. A meta-análise incluiu 66 estudos totalizando 264 estimativas de usar drogas prescritas, ou ilícitas, enquanto dirigido sobre os riscos dos acidentes. Estimativas foram apresentadas para anfetaminas, analgésicos, antiasmáticos, antidepressivos, anti-histamínicos, benzodiazepínicos, maconha, cocaína, opióides penicilina e calmantes.

            Para a maioria das drogas foi encontrado um pequeno, ou moderado, aumento no risco de acidente associado ao uso das drogas. A análise também revelou que a maioria dos estudos que avaliaram a presença de uma relação dose-resposta entre a dose de drogas tomadas e seus efeitos nos riscos de acidentes confirma a existência de uma relação dose-resposta. O uso de drogas enquanto dirigindo tende a ter um grande efeito sobre o risco de acidentes fatais, e com lesões sérias, do que sobre o risco de acidentes cotidianos, que só lesam o veículo. Por exemplo, em média, os antidepressivos e benzodiazepínicos revelaram estimativas de risco mais elevadas que cocaína, maconha e analgésicos listados em ordem decrescente de risco.

            As demais conclusões desta meta-análise posem ser assim sumariadas: todas as estimativas de risco indicam que o uso de drogas é associado com um aumento na probabilidade de envolvimento em acidente de trânsito; a maioria das estimativas indica que o aumento no risco é menos do que 100%, isto é, menos do que dobrar o risco; há grande variabilidade nas estimativas de risco de cada droga; as associações encontradas não podem ser encontradas como relações causais, principalmente porque grande parcela dos estudos não foi capaz de controlar muito bem algumas variáveis potencialmente confusas e, para a maioria das drogas, foi possível estratificar as estimativas de risco em função da gravidade do acidente. As estimativas são consistentes no sentido de que todas elas revelam que o risco de acidente aumenta independente do tipo de droga.

            Portanto, se estiver sob tratamento ou efeito de qualquer droga, não dirija. Assista a um jogo do Corinthians, mesmo que replay. Porque será o replay que preservará sua vida e a dos outros.

 

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