
Arquitetura da inteligência
A
busca por princípios organizados que governam a inteligência humana representa
um objetivo central e duradouro da neurociência cognitiva. De um lado, as
teorias de inteligência que têm focalizado a análise de um fator geral,
conhecido como “g”, o qual subjaz ao desempenho numa vasta amplitude de
habilidades cognitivas, propõem que o córtex pré-frontal fornece uma
arquitetura neural unificada para a inteligência humana. Por outro lado,
modelos teóricos supõem que os testes de inteligência refletem a atividade
média, ou combinada, de muitas operações cognitivas separadas. De acordo com
esta concepção, a inteligência geral depende de uma variedade de diferentes
processos cognitivos mediados por regiões cerebrais funcionalmente
especializadas. Este modelo supõe que a inteligência geral incorpora: 1) áreas
específicas occipital e temporal para processamento da informação sensorial; 2)
córtex parietal para abstração e integração sensorial; 3)áreas frontais para
solução de problemas e raciocínio e 4) o singulado a anterior para a seleção de
respostas e a inibição de respostas automáticas. Neste cenário, regiões
discretas, dentro dessa rede cerebral distribuída, são necessárias para as
competências-chave da inteligência geral, com ênfase no córtex pré-frontal
dorso-lateral e cortex parietal.
Em artigo publicado na Brain (2012:
135, 1154-1164), pesquisadores investigaram substrato neural do fator geral de
inteligência “g” em 182 pacientes com lesões cerebrais focais. A localização da
lesão e o volume foram determinados por meio de imagens geradas por tomografia
através de um software específico para a análise de lesões cerebrais. Por sua
vez, a inteligência, geral, foi mensurada pela escala Wechsler de inteligência
para adultos (WAIS).
Desempenho afetado sobre essas
medidas foi associado com lesões numa rededistribuidas para as áreas cerebrais
lateralizadas à esquerda, incluindo regiões com córtex pariental e frontal e
tratos associados com a substância branca. Em outras palavras, a inteligência
geral “g” foi associda à uma rede distribuída de regiões cerebrais,
compartilhando substratos anatômicos comuns com compreensão verbal, memória
operacional, organização perceptual e rapidez de pensamento. Tais resultados sugerem
que “g” reflete a habilidade para integrar, com eficiência, processos verbal,
espacial, motor e executivos via um
conjunto circunscrito de conexões corticais.
Concluindo, este estudo demonstra
que esse sistema cortical fornce uma arquitetura integrada para as
competâncias-chaves envolvidas na inteligência humanas.