
Capital humano: o valor das habilidades cognitivas
Educação
está no topo das prioridades políticas de quase todos os governantes do mundo.
Todos entendem que educação é um elemento essencial numa economia global
competitiva e têm centrado grande parte de seus discursos em aumentar a
escolaridade, pois, para eles, educação é sinônimo de desenvolvimento econômico.
De fato, ao longo do
século 20, o debate internacional sobre as conseqüências econômicas da escolaridade
concentrou-se na aquisição escolar ou, simplesmente, na quantidade de escolaridade
da população. As ações políticas focalizaram taxas de escolaridade concluída em
relação à proporção da população com escolaridade pós-secundária ou similar. Por conseqüência, as análises dos benefícios
da escolaridade foram mais centradas nos efeitos da quantidade ou anos de
escolaridade, não importando se os mesmos fossem vistos em termos da renda
individual ou em termos dos benefícios sociais, tais como, o aumento na
participação dos cidadãos no processo de votação. É natural acreditar que uma
estratégia de desenvolvimento produtiva seja elevar os níveis de escolaridade
da população. De fato, esta é abordagem capitaneada pelos defensores da
iniciativa “Todos pela Educação”.
Há, todavia, quatro grandes problemas com
estas políticas. Primeiro, países desenvolvidos, e em desenvolvimento, diferem
em várias maneiras além dos níveis de escolaridade. Segundo, uma parcela de
nações, por si própria, e com a ajuda de outras, têm expandido as oportunidades
escolares sem estreitar lacunas no bem-estar econômico. Terceiro, nações
funcionando pobremente podem não ser hábeis em elaborar programas educacionais
efetivos. Quarto, mesmo quando escolaridade seja o foco, muitas das abordagens
não parecem ser muito eficientes e não produzem os resultados escolásticos
esperados.
Ademais, muitas pessoas reconhecem que um
ano de escolaridade não produz as mesmas habilidades cognitivas em qualquer
lugar do mundo. Todos entendem que as famílias e os colegas, e até mesmo a
internet, contribuem para a educação. Saúde e nutrição também afetam as
habilidades cognitivas. Entretanto,
pesquisas sobre o impacto econômico das escolas, larga, e invariavelmente,
ignoram estes aspectos.
Ignorar as diferenças na qualidade
educacional significativamente distorce o cenário de como o nível educacional,
e os resultados econômicos, são relacionados. A distorção omite diferenças
importantes entre educação, habilidades e ganhos individuais. Ela omite importante fator determinante da
distribuição interpessoal de rendas dentro das sociedades. Há evidências
substanciais, e confiáveis, de que a qualidade educacional, refletida na
aquisição das habilidades cognitivas, tenha um forte impacto causal nos ganhos
individuais e no crescimento econômico das nações.
Ao longo dos últimos dez anos, um
crescente volume de pesquisas tem demonstrado que considerar a qualidade da
educação, mensurada pelas habilidades cognitivas, substancialmente, aumenta a
avaliação do papel da educação no desenvolvimento econômico. Portanto, ignorar
as diferenças na qualidade educacional negligencia e omite a verdadeira importância
do elemento-chave da educação para o desenvolvimento econômico: as habilidades
cognitivas.