Cérebro, Cognição e Comportamento (9)

Cérebro, Cognição e Comportamento (9)

Criatividade pode ser entendida como um comportamento e uma combinação mental, expressos no mundo. Decompondo essa definição encontramos três elementos essenciais. Primeiro, criatividade é o novo, ou seja, o elemento mais básico de um pensamento, ou ação, criativos é que ele seja novo e original. Segundo, criatividade é uma combinação que envolve dois, ou mais, pensamentos e conceitos que nunca foram combinados antes. Terceiro, criatividade é expressa no mundo, ou seja, os pesquisadores de criatividade não podem estudar o que eles não podem ver. Por definição, criatividade tende a excluir ideias que estão na cabeça de uma pessoa e nunca são expressas, ou que nem podem ser vistas ou entendidas. Por outro lado, a definição sociocultural explica como estudar grupos criativos que coletivamente geram inovação, estruturas e processos dos sistemas social, cultural e organizacional. Desta forma, criatividade é a geração de um produto que é julgado ser novo e também apropriado, útil ou valorizado por um grupo social reconhecido.

No final do século XIX e início do XX, quando os testes psicométricos das habilidades humanas foram desenvolvidos, os psicólogos começaram a afirmar que pessoas que desempenhavam bem em um teste tendiam a desempenhar bem em outro. As pontuações nos escores dos testes de fluência verbal eram correlacionadas com pontuações nos testes de habilidades matemáticas, visualização e memória. Também, no final do século XIX, as escolas públicas estavam expandindo-se rapidamente, fazendo com que educadores observassem que educadores que tinham bons desempenhos numa matéria, tendiam a tê-lo em outras. Numa tentativa de integrar essas observações, teóricos propuseram que todos os testes estavam mensurando realmente dois fatores: uma habilidade geral e uma habilidade específica à tarefa. Posteriormente, após refinamentos, sugeriu-se que a medida do “quanto” do desempenho, em qualquer teste específico, era, provavelmente, devido a uma habilidade cognitiva geral e que, portanto, todas as habilidades específicas eram manifestações genuínas de um simples fator subjacente, conhecido, por muitos, como inteligência geral ou habilidade cognitiva geral.

 Assim considerando, quando os psicólogos começaram a estudar criatividade nos anos 50, já havia um modo dominante de mensurar o potencial humano, conhecido como Quociente de Inteligência (QI). Quase nessa mesma época, alguns estudiosos estavam particularmente interessados em saber se, testes de QI, quando administrados a estudantes, poderiam predizer desempenho criativo excepcional na vida adulta. Por exemplo, a partir do estudo conhecido como “termites de Terman”, foi constatado que crianças com alto QI alcançavam um nível mais elevado do que as crianças não talentosas; o QI realmente predizia um alto grau de realização na vida adulta. Posteriormente, outros estudos, envolvendo uma amostra maior e controlando inúmeras outras variáveis, revelaram que crianças com alto QI tornaram-se “profissionais produtivos com relações interpessoais estáveis e boa saúde mental e física”. Muitas das quais terminando por ser executivos, advogados e médicos bem-sucedidos.

 Adicionalmente, uma série de estudos tem revelado que entre uma população de crianças talentosas, variações no QI não predizem distinção ou eminência na vida adulta. Parece haver um limiar mínimo de QI requerido para o grande sucesso; a melhor estimativa das pesquisas é que um QI de 120 é necessário para a eminência no adulto, além do qual um nível mais elevado de QI não aumenta a probabilidade de sucesso. De fato, pesquisadores têm mostrado que artistas adultos criativos, cientistas e escritores, usualmente, alcançam alto nível nas pontuações dos testes de inteligência geral, levando muitos a acreditar que criatividade era, simplesmente, um subproduto da inteligência e que QI era uma medida acurada do potencial criativo.

Se criatividade é um tema distinto para os psicólogos estudarem, então, os mesmos têm que fornecer evidências de criatividade ser alguma coisa acima e além do QI, bem como, criatividade adiciona poder preditivo acima e além da variância já predita pelas pontuações do QI. Em outras palavras, em termos psicométricos, os estudiosos têm que demonstrar que criatividade não é a mesma coisa que as medidas existentes de inteligência.

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