Como os brasileiros percebem ciência e tecnologia?

Como os brasileiros percebem ciência e tecnologia?

         O Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) divulgou, tempos atrás, um estudo acerca da percepção pública da Ciência e Tecnologia entre os brasileiros amostrados em todo país. Os dados, quando comparados com os obtidos em 2006, revelaram que o interesse da população brasileira por Ciência aumentou nos últimos quatro anos. De fato, no período anterior, o número de interessados, ou muito interessados, em Ciência era de 41% dos brasileiros, mas, agora, nos últimos quatro anos, este indicador de interesse subiu para 65%. Especificamente, o tema Ciência tem quase o mesmo nível de interesse que Esportes (62%). Na área de Meio Ambiente, o interesse aumentou de 58 para 83% no mesmo período, equiparando-se com as áreas de Medicina e Saúde. Outro dado muito interessante é que a população brasileira confia no cientista e acredita que pesquisa é fundamental para o desenvolvimento econômico-social do país e, em geral, apóia o aumento de recursos para a área, acreditando que Ciência traz benefícios para a qualidade de vida. Não obstante, este padrão de resultados muda de acordo com a condição econômica dos entrevistados: pessoas de classes menos favorecidas têm, em geral, posição mais otimista em relação à Ciência brasileira. Isto é, quanto menor o nível econômico dos entrevistados, mais eles acham que a Ciência nacional é bastante avançada.

            Mas os resultados apontam ainda para um lado perverso: 92% dos entrevistados jamais freqüentaram museus ou Centros de Ciência e Tecnologia; 95% jamais participaram de quaisquer eventos científicos; 71% nunca foram em bibliotecas, 84% nunca participaram de feira, olimpíada de ciência ou matemática e 78% não visitaram nenhum jardim zoológico ou botânico. Mas, 14% de pessoas, com ensino superior completo, declararam que fazem tais visitas. Aproximadamente, 37% alegaram que sua falta de interesse em Ciência e Tecnologia se deve ao fato de não entender nada desse domínio. Surpreendentemente, apenas 12% dos entrevistados conseguem citar o nome de um cientista brasileiro e apenas 18% conseguem relembrar, de imediato, uma instituição científica. Os cientistas mais relembrados são Oswaldo Cruz e Carlos Chagas. Talvez, por terem seus nomes associados à instituições educacionais e nomes de doenças. Cientistas sociais jamais são relembrados pelos entrevistados. Nem mesmo Paulo Freire, Gilberto Freyre e, nem mesmo, Fernando Henrique Cardoso, outrora cientista social, foi relembrado.

           Talvez, esta percepção positiva deva-se aos indicadores positivos que atestam o crescimento da Ciência feita no Brasil. Por exemplo, em relação ao número de artigos científicos publicados em periódicos indexados, o Brasil passou de 0,44% do total mundial, há três décadas, para 2,8% em 2009. Mas, é importante ressaltar que essa elevação em artigos científicos não tem sido traduzida em inovação tecnológica.

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