Como os chineses vêem a inteligência

Como os chineses vêem a inteligência

            A estrutura, definição e atributos da inteligência têm intrigado a humanidade ao longo da história. Platão e Sócrates foram alguns dos primeiros a darem fundamentação teórica ao conceito e avaliação de inteligência. Entretanto, tais concepções mudaram ao longo do tempo, seja em função dos atributos demonstrados empiricamente, seja em função do contexto social no qual são enquadradas e usadas. Com isso, teorias e pesquisas sobre inteligência, quando não excluem concepções orientais, vêm sendo influenciadas pelas ideologias ocidentais, sem, no entanto, permitir a suposição de que tais concepções sejam de consenso universal. O que faz com que uma compreensão dos mesmos requeira entender o contexto social dentro do qual estes constructos são edificados. Assim, diferenças cognitivas, sociais e de atitudes, entre as ideologias ocidentais e orientais, são prováveis de impactar concepções da população geral, bem como, as dos estudiosos do assunto, acerca dos principais atributos que compõem a inteligência.

            As tradições confucianas e taoístas têm influenciado as maneiras com que os chineses vêem a vida e seus papéis. Na China antiga, cinco atributos humanos básicos descritos são: benevolência, lealdade, cortesia, inteligência e confiabilidade. E muitos psicólogos ocidentais os consideram como características de inteligência, personalidade e conativa. Por sua vez, o conceito tailandês de uma pessoa sábia é descrito como “alguém que tem inúmeras competências e conhecimentos, sendo benevolente e apaixonado pelos outros, bem como, que mantém a mente aberta em relação à vida, permanecendo modesto e facilitador de interações sociais”. Por outro lado, chineses-tailandeses descrevem uma pessoa inteligente em termos de habilidade cognitiva geral, inteligência inter e intrapessoal, autopromoção intelectual e abstraída do real.

            Recentemente, estudo requereu que chineses, numa escala de 1 a 10, classificassem vinte e duas palavras e frases que podiam ser usadas para definir inteligência. Para estes respondentes, os seis termos que melhor refletiam inteligência, apresentados em ordem decrescente foram: raciocínio de alto nível, adaptação às demandas ambientais, habilidade para aprender, inteligência geral (g), um conjunto discreto de habilidades e habilidade para lidar com a novidade. Ao contrário, os seis termos indicados como refletindo os menos significativos para inteligência foram: motivação para realização, mecanismos fisiológicos, direcionamento para objetivos, conhecimento, desempenho automatizado e acuidade sensorial. Assim, quando comparado com ocidentais, chineses endossam o uso de atributos adicionais para descrever inteligência, reafirmando a importância da inteligência geral “g” em contraste com os ocidentais.

 

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