Como os líderes pensam: inteligência e experiência importam?

Como os líderes pensam: inteligência e experiência importam?

     Durante a grande depressão que afetou inúmeras nações, John Watson, então presidente da IBM, enfrentou grandes dificuldades financeiras e teve que tomar decisões árduas para manter a empresa funcionando durante aqueles momentos difíceis.  Watson freqüentemente dizia a seus seguidores: “Pense.” Esta simples frase tornou-se a palavra-chave para a companhia. Esta poderia ser encontrada na parede de cada sala do da empresa. Todos os empregados usavam um notebook THINK, no qual poderiam escrever qualquer idéia que surgisse ao longo do dia. Ela é ainda empregada na nomeação de produtos, incluindo o notebook IBM ThinkPad. A propósito, Watson é nome de um portentoso computador que recentemente derrotou, num desafio midiático, uma equipe de humanos.

 

     Watson entendia como muito importante usar algum tempo para realmente pensar sobre problemas que a empresa estava enfrentando naquela época. Ele não só dava o exemplo considerando o quão importante o problema devia ser considerado, mas também, tornava claro que o problema era de tal dimensão que todos juntos deveriam tomar algum tempo para realmente nele pensar. Claramente, pensamento, como sendo habilidade em guiar o pensamento de outros, é uma das tarefas mais importantes de um líder, especialmente quando enfrentando um grave problema, ou momentos de crise.

 

     Como os líderes pensam? Como examinar o pensamento, ou cognição, dos líderes?  Uma maneira de enfocar este problema é considerar a teoria das fontes cognitivas da liderança. Esta teoria sustenta que a liderança eficaz depende da inteligência e da experiência do líder. Todavia, importante nesta teoria é que a experiência do líder será mais útil que sua inteligência quando a situação for mais estressante.

 

     A teoria supõe que o desempenho do líder (e de seus seguidores) é influenciado pelas fontes cognitivas refletidas na inteligência e na experiência. Entende-se que o desempenho é determinado por uma combinação destas duas fontes cognitivas, seus comportamentos e pelos aspectos situacionais em que o processo de liderança ocorre. A teoria destaca que o estresse modera (influencia) a relação entre a inteligência do líder e o desempenho de seus seguidores. Situações altamente estressantes são, por exemplo, freqüentes crises no trabalho, conflitos interpessoais, ou demandas não-realistas, colocadas nas mãos dos líderes.  Quando a situação é não-estressante, a inteligência dos líderes tem um impacto positivo no desempenho dos seguidores. Em outras palavras, quanto mais inteligentes forem os líderes, melhor seus seguidores desempenham. Entretanto, quando uma situação for altamente estressante, esta relação torna-se muito fraca, ou desaparece completamente. Por que isto ocorre? Por que a inteligência não ajuda numa situação estressante? Uma explicação é que o estresse interfere com o modo com que o líder processa informação e toma decisões. O estresse causa distração e o líder perde o foco da tarefa que enfrenta. Assim, a inteligência do líder não é vantagem numa situação altamente estressante.

 

     Quando uma situação é estressante, a experiência do líder torna-se a maior influência no desempenho dos seguidores que sua inteligência. Seguidores que são liderados por líderes mais experientes, tendem a desempenhar melhor. Nesta teoria, experiência é usualmente entendida em termos de tempo no emprego, na função, ou em tarefas similares.  Com maior experiência, líderes tendem a aprender comportamentos mais bem sucedidos, especialmente comportamentos que têm previamente levado às soluções bem sucedidas de problemas. Estes comportamentos tornam-se hábitos para líderes bem sucedidos, de maneira que, quando as pessoas tornam-se estressadas, elas utilizam hábitos e comportamentos previamente aprendidos, em vez de basearem-se em sua inteligência para resolver problemas.

 

     Ademais, as fontes cognitivas apenas influenciarão o desempenho dos seguidores através do comportamento do líder. Neste caso, o líder pode ser diretivo ou participativo. Em sendo diretivo, o líder deixa os subordinados conhecerem o que deles é esperado fazer, dá orientação específica, solicita-os a seguirem regras e, além disso, agenda e coordena as tarefas. Na liderança diretiva, o líder faz alguma coisa para ajudar o grupo. Em sendo participativo, o comportamento do líder envolve seus subordinados na tomada de decisões e na supervisão de alguns tipos de tarefas.  Ele considera as opiniões e as sugestões dos liderados, e deixa os membros do grupo realizarem tarefas com um mínimo de interferência.

 

         Importante, com a liderança participativa, nem a  inteligência e  nem  a  vivência do lider terão muito impacto. Com a liderança diretiva - estruturar o trabalho, desenvolver planos e tomar decisões – a inteligência do líder e sua experiência terão grande impacto. Assim, a ponderação dada à inteligência, ou à experiência, depende do estilo de liderança. Ambas são importantes, especialmente se agregadas à ética, e se o processo de liderança for à busca do bem-estar subjetivo da comunidade liderada.

 

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