Como as palavras do médico afetam o paciente

Como as palavras do médico afetam o paciente

           Qualquer tratamento médico é desenvolvido dentro de um contexto, o qual é composto por tudo aquilo que circunda o paciente, tais como, médicos, enfermeiras, medicamentos, seringas, aparelhos os mais diversos, etc. Certamente, médicos e enfermeiras representam componentes muito importante do contexto, uma vez que podem transmitir, através de palavras, atitudes e comportamentos, uma série de informações sobre o estado geral do paciente. Assim considerando, estudos têm identificado quatro tipos de problemas de comunicação entre médicos e estes últimos: isolamento do paciente, desvalorização da visão do paciente, informar pobremente o paciente e fracassar em entender as perspectivas do paciente. Não obstante, muitos médicos não dão a devida ponderação a estas habilidades de comunicação, tampouco as escolas médicas têm se preocupado em destacar a relevância da interação entre ambos. Há, atualmente, várias evidências experimentais indicando que o contexto médico influencia sistemas neurais específicos. Ilustremos alguns.

            A importância da interação médico-paciente é mostrada pelo impacto emocional que o anestesista tem sobre seu paciente. Um exemplo? Foi encontrada uma redução na dor pós-operatória em pacientes que têm sido informados sobre o curso de sua dor pós-operatória e, na sequência, a superá-la. Ademais, a solicitação de analgésicos para estes pacientes foi muito menor quando comparada a um grupo controle, o qual não recebeu qualquer informação de seu médico. Estes dados são importantes porque foram comparados a um tratamento analgésico seguido à visita do anestesista com outro, sem qualquer visita dele. Portanto, enfatizando o importante papel da interação médico-paciente na experiência global de dor. Outros estudos mostram que mesmo interações mais sutis entre médico e paciente têm efeitos no tratamento. Por exemplo, há diferenças se o médico fornece ao paciente um analgésico e diz “Tome este remédio, que ele pode funcionar no seu caso” de “Tome este remédio adequadamente que ele funciona no seu caso”. Situações como estas são muito comuns na prática médica e, certamente, muitos profissionais de saúde não se preocupam com as sutis diferenças entre uma terapia que é iniciada por uma máquina e outra, iniciada pelo médico, na fase pós-operatória, ou entre as expressões “pode funcionar” e “funciona”.

            De modo similar, há inúmeros outros estudos, em ambientes clínicos, indicando que diferentes contextos verbais que produzem diferentes resultados, ou seja, sutis diferenças no contexto verbal, ao redor do paciente, podem ter um impacto significativo no resultado terapêutico. Em verdade, palavras apropriadas ativam os sistemas opióides endógenos ou, de modo geral, ativam eventos ocorrendo no cérebro durante a interação entre o terapeuta e seu paciente.

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