Concepções de inteligência

Concepções de inteligência

O quê é inteligência? À primeira vista, parece que todos entendem o que é, o que significa e qual a importância da inteligência;  mas,  de um ponto de vista analítico mais profundo parece que ninguém sabe exatamente o que ela significa. Em outras palavras, todas as pessoas têm concepções - também chamadas de teorias populares ou teorias implícitas de inteligência, mas ninguém conhece ao certo o que a inteligência é realmente.

 

A importância das teorias populares ou implícitas

Embora ingênuas, as teorias implícitas são também importantes para a compreensão dos mecanismos e/ou processos que compõem a inteligência. Quatro razões principais justificam a importância das concepções populares da inteligência. Primeira, as teorias implícitas permitem entender como as pessoas percebem e avaliam sua própria inteligência e/ou habilidades e a dos outros. Segunda, as teorias implícitas dos próprios cientistas, em última instância, dão origem às suas teorias explícitas. Terceira, as teorias implícitas podem ser úteis quando os pesquisadores suspeitam que as teorias explícitas existentes sejam incorretas ou enganosas. Finalmente, uma compreensão das teorias implícitas da inteligência pode ajudar a elucidar as diferenças evolutivas e também as influências interculturais subjacentes ao fenômeno.

 

Concepções filosóficas

Embora não tenham tido a intenção de precisamente definir a inteligência, diversos escritores, filósofos, teólogos e outros, em seus diferentes escritos, especularam sobre a sua natureza e porque as pessoas têm diferentes habilidades uma da outra. Homero, na Odisséia,distinguiu a beleza e o pensamento. Ele notou que um homem pode não causar uma boa impressão física, mas poderia falar de maneira articulada e com persuasão. Outro homem pode ser elegante, mas lhe poderia faltar a habilidade para comunicar-se bem com outros. Platão comentou sobre a natureza da inteligência em sua famosa obra, o diálogo Teeteto. Também, Aristóteles fez alguns comentários acerca da natureza da inteligência. Em sua obra Analítica Posterior, Livro 1, ele concebeu a inteligência em termos de um “discernimento rápido” e enfatizou a importância para a inteligência do conhecimento de si mesmo.

É interessante também comentar as concepções filosóficas chinesas acerca da inteligência. A perspectiva Confuciana enfatiza a característica de benevolência e em fazer o que é correto. Ela também destaca a importância dos esforços continuados para a aprendizagem, o prazer em aprender, e a persistência e o entusiasmo na aprendizagem durante toda a vida. Ao contrário, a tradição Taioista enfatiza a importância da humildade, da liberdade em relação aos padrões convencionais de julgamento e também um completo conhecimento de si mesmo e das condições externas. Em outras concepções orientais, como a Budista e a Hindu, a inteligência envolve os componentes de vigilância, observação, reconhecimento, entendimento, e compreensão, mas também incluem atributos como determinação, esforço mental e ainda sentimentos e opiniões, em adição aos aspectos mais intelectuais.

 

Concepções  de leigos e de especialistas

Da análise dos julgamentos quantitativos realizados por leigos sobre o que consideram uma pessoa idealmente inteligente, três fatores emergiram e foram rotulados de: solução de problemas práticos, habilidade verbal e competência social. No primeiro fator incluem-se comportamentos, tais como, raciocinar logicamente e bem, identificar conexões entre diferentes ideias e ver todos os aspectos de um problema. O segundo fator inclui comportamentos, tais como, falar clara e articuladamente, ter fluência verbal e conversar bem. O terceiro fator incluiria comportamentos, tais como aceitar, os outros como eles são, admitir os seus próprios erros e demonstrar interesse no mundo em toda sua amplitude. 

Por outro lado, das várias definições apresentadas por especialistas, num simpósio realizado em 1921, emergiram duas características: a habilidade para se adaptar ao ambiente e a habilidade para apreender. 65 anos depois, atributos, tais como, adaptação ao ambiente, processos mentais básicos, raciocínio, solução de problemas e tomada de decisão foram destacados. Novamente, duas características comuns em todas as definições puderam ser facilmente depreendidas: a habilidade para aprender e a habilidade para se adaptar ao ambiente. Mas, emergiu o constructo da metacognição ou a habilidade para entender e controlar a si próprio, atributo que virtualmente não teve qualquer destaque no evento realizado 65 anos atrás. Ademais, a ideia de que possa haver um ou vários tipos de inteligência foi intensamente debatida e novamente não houve consenso.

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