
A conexão entre Esquizofrenia e Inteligência Emocional
Cognição social refere-se aos aspectos da cognição que são críticos para o funcionamento social e para as relações interpessoais, tais como, a percepção acurada das emoções de outros, a habilidade para reconhecer importantes indícios sociais e o controle das emoções em situações públicas. Inteligência emocional é um importante componente da cognição social e tem sido definida como a habilidade para processar, entender e controlar emoções. Pesquisadores neste domínio têm identificado quatro componentes da inteligência emocional: identificar emoções (a percepção da própria emoção e de outros), facilitar ou usar emoções (a capacidade para usar e gerar emoções e usar emoções em tarefas cognitivas tais como solução de problemas e criatividade), entender emoções (habilidade para compreender informação complexa sobre emoções, incluindo mudanças ou intensidade da emoção) e controlar emoções (habilidade para regular a próprias emoções e as de outros, e usar esta informação efetivamente em interações sociais).
Por outro lado, pesquisadores têm observado, também, que vários componentes da cognição social têm sido prejudicados em pessoas com esquizofrenia. De fato, deficiências da cognição social podem se constituir num fator de risco para a psicose e que desempenho empobrecido nas tarefas de cognição social foi associado com taxas mais elevadas de transição para psicoses em jovens que apresentavam alto risco para a psicose.
Assim considerando, deficiências neurocognitivas são mais bem conhecidas serem associadas com funções sociais mais pobres em pessoas com esquizofrenia, mas pouco é conhecido sobre as relações entre inteligência emocional, neurocognição e função social. Para preencher esta lacuna, estudo recente do periódico Schizophrenia Research and Treatment (2012) investigou 20 pessoas com esquizofrenia e outras 20 sem tal quadro clínico (grupo controle). O grupo de esquizofrênicos constituiu-se de pacientes vivendo na comunidade e tomando medicação antipsicótica de manutenção, considerados clinicamente estáveis por seus clínicos. O grupo controle foi emparelhado por idade, sexo e ano de educação, os quais foram avaliados por um mini inventário neuropsiquiátrico internacional e excluídos quando algum sintoma de psicose se manifestasse.
O grupo de esquizofrênicos teve significativamente menores pontuações em todas as medidas no teste de inteligência emocional, demonstrando funcionamento social e neurocognitivo mais empobrecido do que os participantes do grupo controle. Interessante observar que a diferença entre ambos os grupos foi muito maior para o componente entender emoções do teste de inteligência emocional. O melhor entendimento dos déficits sociais dos esquizofrênicos pode ajudar a identificar novos tratamentos para melhorar o processamento emocional dos mesmos.