Conversação intoxicada: celular no trânsito

Conversação intoxicada: celular no trânsito

      Pesquisas sugerem que é tão perigoso usar telefone celular ao dirigir quanto é dirigir intoxicado. Estimativas revelam que 60% dos motoristas usam telefone celular em seus veículos e as taxas dos que conversam dirigindo aproximam de 80%, e parecem aumentar rapidamente. Resultados revelam que engajar-se numa conversação ao celular, negativamente afeta a habilidade para dirigir tanto em ambientes simulados quanto em situações reais. Tais estudos demonstrando perigos de usar celular, viva-voz ou manual, enquanto dirigindo, indicam que o perigo não é tanto pelo esforço visual e físico necessário para falar ao celular manual, mas, muito mais pelo esforço mental necessário para manter a conversação.

     Estudo recente (Accident Analysis and Prevention, 2011) investigou diferenças no desempenho dos motoristas em função do tipo de conversação mantida no celular enquanto dirigindo. Dirigir perigosamente foi operacionalmente definido considerando: aceleração (o número total de ocorrências de aceleração, porcentagem do tempo despendido acelerando), fracassos em parar nos semáforos, colisões (bater em outros veículos, pedestres, quaisquer objetos, ou deixar de manter-se na rodovia), e cruzar o centro da linha da rodovia. Foi suposto que quanto mais emocionalmente envolvida fosse a conversação mantida pelos motoristas dirigindo maior seria a freqüência de comportamentos perigosos de dirigir, do que numa mundana conversão ou sem qualquer conversação. Os participantes foram designados à uma dentre três condições: sem chamada, chamadas mundana e emocional. Enquanto dirigindo num ambiente simulado, participantes nos grupos experimentais recebiam uma ligação telefônica externa que os envolviam numa conversação inócua (chamada mundana) ou argumentando contrariamente a uma crença profundamente mantida pelos participantes (chamada emocional).

    Participantes alocados nas condições sem ligação e conversação comum diferiram significativamente apenas na porcentagem de tempo despendido acelerando e em cruzar o centro das rodovias, embora na condição chamada mundana eles consistentemente tenham-se envolvidos mais em comportamentos perigosos do que fizeram os do grupo sem ligação.  Os participantes na condição chamada emocional engajaram-se significativamente mais em comportamentos perigosos que aqueles em dos dois outros grupos, exceto nas infrações nos semáforos.

    Assim, o contexto de uma conversação no celular é crucial em termos de determinar como uma chamada afetará o comportamento de dirigir. Claramente, conversações mais emocionais produzem mais distrações e possuem maiores riscos que interações mundanas, sejam através da excitação emocional ou carga cognitiva aumentada, ou por uma combinação de ambas.

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