Covid-19 e Saúde Mental (21): Conscientização sobre o impacto do vírus em Honduras, Chile,  Costa Rica, México e Espanha

Covid-19 e Saúde Mental (21): Conscientização sobre o impacto do vírus em Honduras, Chile, Costa Rica, México e Espanha

         Os fatores sociais e econômicos ocasionados pela pandemia da Covid-19, em adição aos efeitos psicológicos também por ela desencadeados, são elementos que podem impactar tanto o estado mental atual de cidadãos em todo o mundo quanto o futuro da saúde da população em geral. Circunstâncias extraordinárias que são, delas espera-se um aumento exponencial dos sintomas psicológicos em resposta ao estresse situacional. Esse estresse, por sua vez, aumenta a incidência de sintomas relacionados à depressão, ansiedade e comportamento prejudicial. Sendo a quarentena e o isolamento social medidas que vem sendo adotadas pelas autoridades sanitárias em diferentes países do mundo visando restringir o movimento de pessoas e a exposição das mesmas a outras que têm, ou poderiam ter, uma doença contagiosa, tais medidas, entretanto, tem acarretado efeitos psicológicos negativos, tais como estresse pós-traumático, estresse, depressão, ansiedade, estresse, irritabilidade, insônia, raiva, exaustão emocional e confusão. Além disso, os estressores associados às mesmas aumentaram a duração da quarentena, o medo de infecção, a frustração, o tédio, as inadequadas informações e suprimentos, as perdas financeiras e o estigma.

            Considerando este cenário, Landa-Blanco e colaboradores (Social Science & Medicine, 2021; 277: 113933) realizaram um estudo internacional cujo objetivo principal foi analisar a influência da consciência que as pessoas tinham sobre o coronavírus, bem como, sobre o estresse psicológico ocasionado pelo mesmo, além do papel das variáveis sociodemográficas sobre os indicadores de saúde mental em pessoas residentes em Honduras, Chile, México, Costa Rica e Espanha. Especificamente, os indicadores de saúde mental estudados foram: somatização, depressão, ansiedade e estresse de confinamento. Neste contexto, os autores conceberam que, como os dados foram coletados entre 29 de março até 17 de abril de 2020, os mesmos poderiam revelar a dinâmica entre a Covid-19 e a saúde mental durante os estágios iniciais da pandemia em tais nações. Assim, com uma amostra total consistindo de 1559 participantes, sendo 34% de Honduras, 29% do Chile, 17% da Costa Rica, 11% do México e 9% da Espanha, a idade média dos respondentes, considerando todos os países, foi de 33,49 anos, dos quais 71,39% foram mulheres e 28,61% foram homens.

Os participantes responderam a 3 questionários, a saber. Um questionário contendo questões de natureza sociodemográficas, que incluíam país de residência do entrevistado, sexo, idade, quantidade de pessoas morando em casa, presença de crianças em casa (<12 anos), presença de idosos em casa (> 60 anos), situação de trabalho (empregado ou desempregado) e campo de trabalho (ser ou não trabalhador da saúde). Por sua vez, os itens psicológicos incluíram um conjunto de múltiplas respostas à seguinte pergunta: “A situação atual do coronavírus (COVID-19) estressou você em alguma das seguintes áreas de sua vida: financeira, família, amizade, religiosa, saúde, acadêmica, trazendo preocupações com o tempo de lazer?” Além disso, os entrevistados responderam se eles se sentiram estressados ou não por estarem confinados em casa. O Inventário Breve de Sintomas-18 (BSI-18) consistiu em três subescalas: somatização, depressão e ansiedade, com seis itens cada. Essas pontuações variaram de 0 (sem expressão de sintomas) a 4 (alta prevalência de expressão sintomática). As pontuações sendo, por sua vez, adicionadas para criar totais de cada subescala e, quando somados todos os 18 itens, para criar o Índice de Severidade Global. A Escala de Conscientização do Coronavírus foi mensurada através de seis itens, cujas respostas variaram entre 0 (discordo totalmente) a 4 (concordo totalmente). Por adição, também apresentando dois fatores, o primeiro, relacionado à Gravidade percebida de COVID-19, e, o segundo, relacionado a Preocupação Pessoal.

            De forma agregada, os resultados de todas as nações revelaram que os participantes relataram uma maior prevalência de estresse na família, restrições financeiras, atividades de lazer e domínios acadêmicos do que preocupações relacionadas à saúde. Mais ainda, entrevistados desempregados têm pontuações mais altas em somatização e depressão. O estresse relacionado ao confinamento revelando-se o preditor mais significativo de ansiedade, depressão e escores de somatização. Portanto, o que se verificou foi que muitas das restrições de contenção da COVID-19 estão afetando a economia, a família, o bem-estar acadêmico e recreativo; domínios nos quais os participantes relataram mais estresse do que em tópicos relacionados à saúde.

      Estes achados, explicados pelas próprias medidas de confinamento, podem limitar a preocupação das pessoas em relação ao COVID-19, uma vez que as mesmas não se mostraram estar tão expostas ao vírus como se tivessem trânsito livre para deslocarem-se. Tais resultados devem ser considerados no planejamento e na execução de políticas públicas de saúde.

 

 

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