Demandas cognitivas do trabalho no futuro

Demandas cognitivas do trabalho no futuro

              Uma simples análise de ambientes de trabalho, hoje, permite-nos constatar, sem dificuldade, dois componentes fundamentais nos mesmos: 1º) profissões,e suas funções agregadas, apresentam-se com diferentes níveis de complexidade e 2º) habilidades não, apenas, variam, mas, sim, muito variam. Vejamos alguns exemplos. A habilidade corporal-sinestésica varia desde indivíduos que mal conseguem permanecer sobre seus próprios pés a Fred Astaire, cuja desenvoltura corporal era excepcional. Se musical, a habilidade varia desde tons surdos até Mozart. Se espacial, varia desde alguém que se perde em quarteirões próximos de sua casa até os irmãos Villas-Boas, que se locomoviam espacialmente bem no Alto Xingu. A lingüística, desde alguém incapaz de formar frases até Shakespeare. A lógico-matemática, desde alguém incapaz de entender causa e efeito até Aristóteles. Interpessoal, desde o autismo até Silvio Santos e intrapessoal, desde um narcisista indisciplinado até Gandhi.

            Todavia, a despeito da amplitude de variação destas habilidades, podemos verificar que são poucas as pessoas que se mantêm, exclusivamente, das habilidades corporal-cinestésica, musical, inter e intrapessoal e espacial enquanto que milhões dependem das habilidades lingüística e lógico matemática. Ademais, todas estas habilidades correlacionam-se entre si, revelando a existência de uma habilidade cognitiva geral, cientificamente conhecida, como inteligência geral (g).

            Os cenários do trabalho moderno revelam-se altamente dependentes das habilidades cognitivas, requeridas pelas diferentes ocupações, especialmente da inteligência geral. Baseando-se em avaliações da importância das habilidades cognitivas requeridas pelas várias ocupações, tais como listadas pelo Departamento do Trabalho dos EUA, foi possível reduzir todas estas estimativas a três dimensões, sendo uma delas a habilidade cognitiva geral, com a maior relevância. A demanda para esta habilidade foi determinada considerando o número de empregados nas várias ocupações representadas naquela listagem. A demanda ajustou-se, perfeitamente, a uma curva normal (curva do sino), centrada levemente abaixo do valor médio da habilidade cognitiva geral.

            O nível de habilidade cognitiva geral, determinado pelas estimativas das ocupações, foi linearmente relacionado ao desempenho dos inscritos em vagas de trabalho dentro de uma ocupação, indicando que as medidas das estimativas e as pontuações nos testes cognitivos situam-se numa mesma escala. O mais importante é que estimativas da habilidade cognitiva geral das ocupações predizem, aproximadamente, 60% da variabilidade na renda das diferentes ocupações. Também, as análise apontam para a dimensão habilidade verbal-matemática como aquela que tem um papel preponderante nas demandas cognitivas da força de trabalho futura.

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