
Desmistificando as crenças sobre criatividade (1)
Desmistificar as dez crenças sobre criatividade, abordadas na semana anterior, significa mostrar o quê elas têm de verdade, bem como, o quê elas têm de inverdades. Neste contexto, verificaremos que, em muitos casos, muitas dessas crenças não passam de mitos. Em relação à Crença 1: A essência de criatividade é o momento do insight, a verdade é que as pessoas criativas registram ter insights após encubação e muita dedicação ao evento criativo. A ciência da criatividade mostra que o processo criativo raramente vem à tona por meio de insight. Ao contrário, os cientistas têm revelado que criatividade é, principalmente, consciente e fruto de trabalho duro, incessante. Insights, quando ocorrem, tendem a ser apenas pequenos avanços no processo criativo em andamento. Criatividade requer colaboração, profundo conhecimento e trabalho duro ao longo da vida. Recomenda-se que, para se ser criativo, trabalho duro e pequenas compreensões bruscas são necessários.
Em relação à Crença 2: Ideias criativas emergem misteriosamente da inconsciência. Eventualmente, isto até pode ocorrer, semelhante a lembrar, do nada, o nome de uma pessoa. Na realidade, a experiência criativa não é misteriosa, pois os psicólogos e os neurocientistas cognitivistas têm revelado que momentos de insight são geralmente fáceis de entender em termos da trajetória mental prévia do criador. Os insights são combinações de frações do conhecimento que o criador tem dominado ao longo de anos de trabalho intensivo. Neste contexto, novas ideias são sempre combinações da experiência prévia com a aprendizagem. Recomenda-se que, estudar intensamente o que tem sido feito até o momento, tentar ser o melhor dos melhores e buscar novas maneiras de combinar coisas já existentes são ações que auxiliam o ser a tornar-se criativo.
Em relação à Crença 3: Criatividade é mais provável quando se rejeita as convenções. Nós não necessitamos nos preocupar com a eficiência da escolaridade formal sobre os artistas. Esta não modela sua criatividade, nem os faz tradicionalista. Mas o treinamento formal e a deliberação consciente são essenciais à criatividade. Louis Pasteur, acerca disso, já afirmava, “A sorte favorece a mente preparada. Educação é essencial para a criatividade, pois esta é baseada nos mais profundos entendimentos resultantes de aprendizagem focalizada e ativa. É certo que grandes inovações envolvem a quebra de uma norma, mas o segredo é conhecer todas as regras e qual delas, exatamente, quebrar. Isso requer alto nível de expertise que vem apenas após muitos anos de domínio de um dado assunto. Recomenda-se que é preciso trabalhar duro para ser criativo, bem como, dominar todas as convenções que envolvem o assunto e aprender tudo sobre o mesmo.
Em relação à Crença 4: Contribuições criativas são mais prováveis de originarem-se de um estranho do que de um expert de um dado domínio. Pessoas criativas raramente são estranhas e as ideias mais criativas originam-se de pessoas que estão profundamente familiarizadas, e imersas, com um domínio. Há a necessidade de anos de domínio de um determinado assunto para se ser criativo no mesmo. Orienta-se que estabelecer uma rede de contatos, conhecendo bem as pessoas com as quais se interage é fundamental para se ser criativo. Em muitos casos, um orientador sênior pode auxiliá-lo a achar quem está fazendo coisas criativas similares no seu domínio e coloque-se num lugar que lhe permita interações com estas. Entretanto, lembre-se: não se torne tão especializado a ponto de ignorar o conhecimento alheio ao seu domínio; ocasionalmente, tome algum tempo para se familiarizar com os últimos desenvolvimentos em outras áreas.
Em relação à Crença 5: Pessoas são mais criativas quando estão sozinhas. Na realidade, ideias frequentemente emergem quando em conversação, ou resultante de conversações já ocorridas. Hoje, grupos desempenham muito mais um papel central na criatividade do que em outro momento na história. Pessoas criativas são profundamente conectadas aos campos de outros especialistas e profissionais. Criadores excepcionais despendem muito tempo sozinhos, mas também despendem muito tempo conversando com outras pessoas. É a alternação entre tempo solitário e social que maximiza a criatividade. Orienta-se que para se ter boas ideias, alternar ficar sozinho com colaborar e conversar com pessoas, é fundamental. Na próxima semana, veremos as crenças 6 a 10.