Dirigindo enquanto conversando

Dirigindo enquanto conversando

Ampla variedade de estudos tem revelado que o uso dos telefones celulares tem conseqüências adversas sobre a probabilidade de um motorista envolver-se numa colisão de trânsito. Pesquisas epidemiológicas revelam que o uso de 1h por mês do mesmo, enquanto se dirige, aumenta o fator de risco de uma colisão de 400 a 900%. Estudos de casos-cruzados encontraram que tal risco é comparável ao nível de 0,08 de concentração de álcool no sangue, limite, este, máximo permitido em muitos países.

 

Outros dados muito consistentes, obtidos em estudos de campo e em laboratórios, revelam que o uso dos telefones celulares pelos motoristas aumenta o tempo de reação para frenagem, assim como, as respostas aos sinais de trânsito e às luzes traseiras para paradas. Análises, de fato, comparativas, envolvendo resultados de centenas de pesquisas que manipularam o tempo de reação registraram um aumento médio de 0,25s no tempo de reação dos motoristas, tempo, este, fatal, no comportamento que envolve reações extremamente rápidas. Outras mudanças adversas no comportamento do motorista também têm sido registradas, tais como, julgamentos errôneos de distância, violações nos sinais de tráfego, fracasso em manter-se na pista correta e manter distância apropriada de outros veículos, aumento na velocidade para fazer curvas, prejuízo na detecção de sinais de trânsito e checagem do movimento do trânsito através dos retrovisores, dificuldade de controlar o veículo e manipular corretamente a velocidade deste.

 

Este conjunto de resultados tem sido verificado para o uso do telefone celular, seja em viva-voz, manual e., até mesmo, auricular. Em adição, não há diferença entre faixas etárias, experiência no uso do veículo ou, mesmo, de sexo, faixa etária e tempo de dirigir. O que se tem concluído é que estes efeitos negativos, associados com a conversação pelo celular, enquanto dirigindo, não é fruto do prejuízo das ações motoras em controlar o veículo. Os dados sugerem que os telefones celulares interferem nas demandas cognitivas da conversação. Mais, portanto, que qualquer distração provocada pela manipulação.

 

Tais demandas cognitivas têm sido interpretadas de três diferentes modos, a saber: 1º)o processamento verbal da conversação resulta na retirada da atenção aos sinais visuais; 2º a conversação diverge a atenção do motorista dos componentes da tarefa de dirigir, que requer processamento atentivo explícitos, resultando em tempos de reação mais elevados e 3º) a conversação tem o efeito de degradar a consciência da situação por parte do motorista e, por conseqüência, sua habilidade para identificar e responder rapidamente aos perigos é prejudicada.

 

Em função de tão robustas evidências, urge convencer os motoristas que dirigir, usando telefone, e sob efeito de alta dosagem alcoólica, tem o mesmo efeito fatal. Os legisladores responsáveis por tal situação devem ser hábeis em punir infratores. A vida não tem replay e sempre pede passagem. É impossível assoviar e chupar cana ao mesmo tempo.

 

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