As duas faces do QI

As duas faces do QI

O termo QI é usado de duas maneiras distintas: uma limitada e outra ampla. Na definição estreita, QI é um simples escore num testes de inteligência, desenvolvido de acordo com um protocolo padronizado de pontuação, no qual “inteligência média”, isto é, o desempenho mediano em um teste de inteligência, recebe o escore de 100 e outros escores são assinalados de maneira que os escores são distribuídos normalmente ao redor de 100, com um desvio padrão de 15. A partir desta concepção, algumas implicações decorrem: 1ª) aproximadamente 2/3 de todos os escores situam-se entre 85 e 115 e 2ª) 5% de todos os escores estão acima de 125 e 1% estão acima de 135. De modo similar, 5% estão abaixo de 75 e 1%, acima do QI 65.

Assim, QI, no sentido estreito, é um escore indicando o desempenho relativo de uma pessoa num teste de inteligência, comparado ao desempenho de pessoas em um grupo de comparação apropriadamente escolhido. A despeito da utilidade desta concepção, ela não completamente clarifica o que é inteligência uma vez que ainda há um intenso e vasto debate sobre o que conta como um teste de inteligência.

No sentido mais amplo, o termo QI é usado como sinônimo para inteligência, isto é, é uma abreviação para as diferenças individuais na cognição. Em outras palavras, o termo Inteligência é usado para se referir ao conceito mais amplo de diferenças individuais na habilidade mental. Particularmente, entendo que uma pessoa com alta inteligência, provavelmente, terá, também, um alto escore de QI, mas é importante ter uma distinção clara entre os dois conceitos.

Ao interpretar escores de QI, é frequentemente útil pensar em percentis, os quais indicam a porcentagem de pessoas no grupo de referência cujos estão abaixo de certo nível. As propriedades destes escores decorrem da suposição de que os escores de QI seguem uma distribuição normal (entenda por distribuição normal a porcentagem que abrange tudo o que fica na média, como, por exemplo, ocorre com a altura: poucos são os muito altos e os muito baixos, a maioria fica na média, ou seja, na distribuição normal).

Assim, em termos desta pontuação, se alguém diz que sua criança tem um QI, digamos, de 120, isto não significa que a idade mental da criança é 20% maior do que sua idade cronológica, mas, sim, que a criança, no teste, tem uma pontuação no topo de 9% dos escores do teste para crianças com sua idade mental. Os escores de QI são, assim, usados para descrever as pessoas em relação umas com as outras, bem como, são usados para fazer predições e indicar associações, tais como, predizer o provável progresso acadêmico de um estudante ou investigar a associação entre inteligência e renda, entre outros.

Há uma grande controvérsia se os escores de QI devam, ou não, serem tratados como indicadores reais da habilidade mental. Acerca dessa afirmação tem havido, desde 1920, um longo, caloroso e algumas vezes, agressivo, debate. Eu, confortavelmente, situo-me no meio da controvérsia, pois entendo que os escores de Q certamente significam alguma coisa, mas não tanto quanto alguns entusiastas afirmam. Mas, se a mim fosse facultado escolher, escolheria ter um QI elevado do que uma grande fortuna.

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