
Elite Cognitiva 19: Elevando a inteligência
Para um hereditariano, inteligência é, principalmente, um assunto de genes. Você pode ser tão inteligente quanto seus genes lhe permitem, sem contribuição alguma do ambiente. Ou seja, nem sua família, nem os tipos de escolas que você freqüenta podem, significativamente, alterá-la. Tal concepção é extremamente infeliz para o indivíduo, pois, implica que “trabalho duro” produz pouco na maneira de melhorar a inteligência. Também, ela é um desastre para as políticas públicas porque implica que intervenções educacionais estão fadadas ao fracasso.
Por outro lado, para os ambientalistas, o ambiente é altamente favorável para a elevação da inteligência. Neste contexto, diferentes ambientes promovem diferentemente a inteligência. De tal modo que, ricas estimulações cognitivas, e intenso suporte emocional, podem ser muito importantes em determinar diferenças na inteligência. Logo, se o ambiente é altamente variado, diferindo, substancialmente, entre famílias, então, o ambiente desempenha um grande papel nas diferenças em inteligência entre indivíduos. E esta é a situação para as crianças que vivem em situações de baixa renda.
Para os ambientalistas, o melhoramento do ambiente das crianças pobres pode ter um grande efeito na inteligência. De fato, há estudos indicando que se você cria uma criança pobre, num ambiente de classe média superior, você eleva o QI em aproximadamente 12 pontos. Com este valor podendo chegar a 18 pontos. O efeito sobre o desempenho acadêmico é, também, muito grande, chegando a elevar ½ desvio-padrão e, em algumas circunstâncias especiais, ser tão alto quanto um desvio-padrão. Mas, o que você pode fazer no seu cotidiano para elevar o QI de suas crianças e, talvez, até o seu próprio?
Sem qualquer planejamento consciente, um primeiro passo que você pode, facilmente, desempenhar para tal é: converse com a sua criança, utilizando, para tanto, um vocabulário de alto nível. Inclua-a nas conversações entre adultos, respeitando, claro, os assuntos não adequados para a mesma, e leia para ela não apenas livros infantis, mas, também, jornais, revistas, livros infanto-juvenis e adultos. Minimize as reprimendas e maximize comentários que venham a encorajar sua criança a explorar o ambiente. Evite stress crônico, pois, este pode resultar em pobre habilidade para aprender e para solucionar novos problemas, além de danificar algumas vias cerebrais. Uma vez no extremo, o stress pode interferir na capacidade mnemônica.
Ensine sua criança como categorizar objetos e eventos e como compará-los entre si. Estimule sua criança a analisar e avaliar aspectos interessantes do mundo. Não se esquecendo de dar a ela atividades extracurriculares intelectualmente estimulantes. Incentive-a a se relacionar e se envolver em atividades intelectuais e recreativas com seus pares. Há, também, vários tipos de atividades que podem melhorar a inteligência fluída, ou seja, a ter habilidade para lidar com problemas originais e inéditos, seja esta não só a de sua criança, mas, também, a sua. Um exemplo? Utilizar várias figuras geométricas que alteram formas e tamanhos, tentando desenvolver, junto com sua criança, uma regra que lhe permita determinar qual a transformação seguinte em que as figuras se encontrarão.
Outras atividades, com o mesmo propósito, incluem jogos computacionais que ensinam o controle da atenção e o exercício da capacidade mnemônica. De sua parte, na qualidade de pai (ou mãe) não se esqueça de monitorar, atentivamente, suas crianças. Como? Estimulando um senso de controle, que desafie sua criança e lhe instigue confiança no que esta deve fazer. Fomente, também, a curiosidade, e contextualize tal tarefa, relacionando-a ao mundo real, ou a um filme ou show televisivo. Em adição, não maltrate sua criança por pequenos erros. Salvo se há uma grande lição a ser aprendida a partir do não cometer tais erros. Faça questões interessantes e de conteúdo. Que elevem a auto-estima e o prazer da busca de uma resposta complexa. Aumente sempre, e gradativamente, a complexidade de suas questões.
Finalmente, algumas sugestões em como lidar com as escolas. Na medida em que possa, tente colocar sua criança nas melhores escolas, para aprender com os melhores professores, especialmente, na 1ª série. Evite maus e incompetentes professores. E, no caso de a escola de sua criança não oferecer programas computacionais, que melhorem o ensino de leitura, matemática e ciência, tente colocar um na sua casa, mesmo que seja na garagem. Ensine-o a utilizar a internet, a fazer buscas nas redes acadêmicas e científicas. Incentive-o a utilizar dicionários eletrônicos e a empregar sinônimos e antônimos em textos que a mesma esteja escrevendo. Participe das reuniões de pais e mestres, no sentido de recompensar os melhores professores e a qualidade do ensino, enfatizando que o tempo do professor seja melhor despendido trabalhando em atividades de ensino e não em atividades administrativas que não se constituam em fins escolares. Tenho certeza de que tais pequenos grandes esforços podem produzir ganhos imediatos no QI, assim como, a longo-prazo, enormes ganhos no desempenho acadêmico e ocupacional.