Elite Cognitiva 21: Pobreza e Desenvolvimento entre Nações

Elite Cognitiva 21: Pobreza e Desenvolvimento entre Nações

Explicações contemporâneas para disparidades econômico-sociais, educacionais e afins, dentro das sociedades, e entre nações, são, relativamente, raras, quando comparadas com estudos que descrevem desigualdades e disparidades a partir de diferentes pontos de vista. Como mencionado alhures, várias teorias têm sido alegadas para explicar tais disparidades globais, entre elas, as teorias climáticas, os fatores geográficos, as teorias da modernização, as teorias psicológicas, as explicações culturais, as teorias do sistema mundial e dependência, as teorias neoclássicas e inúmeras outras. Cada uma focalizando uma dimensão da disparidade global e, em alguns casos, fornecendo explicações parcialmente contraditórias. Sumariemos algumas destas.

            As Teorias neoclássicas e a institucional supõem que diferenças no crescimento e desenvolvimento econômico têm raízes na economia de mercado, na formação do capital e poupança, na iniciativa privada e na liberdade governamental. Pobreza, nos países do 3º mundo, é essencialmente causada pelos vários erros de política estatal, que consistem em excessiva interferência governamental na economia, corrupção e fracasso de desenvolver livres mercados. Não obstante, estas teorias se preocupam com os meios de fomento do crescimento econômico, sem discutir a origem das disparidades econômicas e, tampouco, dando atenção à diversidade humana. Erroneamente, assumem que as mesmas políticas e arranjos institucionais podem ser introduzidos com igual sucesso em todos os países.

            Teorias climáticas são baseadas na idéia de que diferenças climáticas são fundamentais para mudanças no desenvolvimento econômico dos trópicos e em países de zona temperada. Outros pesquisadores, por sua vez, adicionam, como fator importante, características geográficas capazes de afetar o desenvolvimento econômico e as disparidades das condições humanas, tais como, rios navegáveis. A abordagem ecológico-evolutiva supõe que escassez de recursos ocasione conflitos inevitáveis entre sociedades, levando à eliminação das mais frágeis e à sua diversificação sócio-cultural. Sociedades e grupos sociais tecnologicamente mais avançados têm maiores chances de serem bem-sucedidos nesta competição do que grupos e sociedades menos avançados. Novamente, como nas teorias anteriores, esta não deixa claro o porquê de ocorrerem diferenças globais no desenvolvimento tecnológico. Sociólogos, por sua vez, têm descrito extensivamente as desigualdades sociais e as estratificações, sem apresentar, no entanto, explicação teórica coerente para as origens das grandes desigualdades no mundo, limitando suas explicações à vários fatores ambientais e outras variáveis sociais.

            Muitos pesquisadores têm usado fatores culturais para explicar diferenças evolutivas e, em especial, progresso econômico. O problema com estas explicações é que elas partem da existência de diferenças culturais sem, entretanto, explicar a origem destas. Teorias do sistema mundial e dependência propõem que o sistema capitalista mundial é responsável pela pobreza dos países subdesenvolvidos, essencialmente supondo que países ricos têm sido hábeis em explorar países periféricos na América Latina, Ásia e África. O problema com estas teorias é que elas não explicam a origem das diferenças evolutivas entre países capitalistas e partes subdesenvolvidas do mundo. No global, tais explicações teóricas se preocupam mais com os meios de fomentar o desenvolvimento econômico-social, ou mecanismos para mitigar desigualdades existentes, do que em buscar causas originais das disparidades econômicas, globais e outras diferenças entre nações.

            O mais importante é que, comum, nestas explicações teóricas, salvo exceções, é o fato delas não atentarem seriamente para a diversidade humana, ou seja, não suporem a possibilidade de que diferenças significantes nas características da população humana podem ser responsáveis pelo surgimento das desigualdades e disparidades econômico-educacionais e sociais, entre outras. Na última década, crescente número de economistas tem aventado o conceito de “capital humano” como fator que contribui para diferenças de renda entre populações nacionais e entre nações. Ainda que, para os mesmos, não haja definição precisa para “capital humano”, tal termo consegue englobar habilidades e competências que, contribuindo em trabalhos eficientes, geram rendas elevadas. Estas habilidades e capacidades são adquiridas através da educação e mensuradas por diversos indicadores educacionais, como, por exemplo, despêndio na educação, taxas de matrícula no ensino básico e fundamental e anos de educação. Em alguns casos, escores nos testes de matemática, ciência, leitura e escrita são considerados. Para estes economistas, mudanças nas taxas de crescimento entre países ocorrem, primariamente, devido à mudanças nas taxas de acumulação do capital humano.

            Cumpre lembrar, entretanto, que o elemento omitido nessas considerações acerca do “capital humano” é o fracasso em reconhecer que inteligência é um importante determinante do desempenho educacional e, portanto, do “capital humano”. Em outras palavras, a crucial conexão omitida pelos economistas deste campo é a forte associação entre “capital humano” e inteligência. Pobreza não é mais inevitável. O segredo para eliminá-la é entender, sim, qual é o seu ingrediente ativo.

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