A elite cognitiva na sociedade

A elite cognitiva na sociedade

Postado em 16 de Abril de 2014 às 15:04 na categoria Política

           Habilidade, capacidade e talento de pessoas que vivem numa mesma sociedade afetam o desenvolvimento econômico desta. De fato, pesquisadores têm demonstrado que escores de QI médio de pessoas vivendo em diferentes sociedades (QI nacional) são forte, e positivamente, correlacionados com o nível de desenvolvimento econômico dessas sociedades. Resultados similares, obtidos nos estudos de desenvolvimento econômico, têm revelado que escores médios de desempenho acadêmico, tais como, os resultados do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), são fortemente relacionados à taxa de crescimento econômico das sociedades. Por outro lado, a conexão entre habilidade cognitiva e sucesso ocupacional e educacional tem sido bem demonstrada mantendo tal relação mesmo para indivíduos no topo dos 1% da distribuição de habilidades. Todavia, outra maneira de examinar a conexão entre habilidade e sucesso é verificar grupos de indivíduos que têm alcançado o máximo em suas respectivas profissões e, então, retrospectivamente, avaliar se eles exibiram indicações de alta habilidade quando jovens.

            Sendo duas as formas que uma elite pode existir, a saber, uma eleita, composta, por exemplo, por senadores, deputados, entre outras, e outra não eleita, composta, por exemplo, por indivíduos que ocupam posições superiores, que modelam a sociedade em que se vivem, como, por exemplo, os executivos seniores das grandes corporações e instituições financeiras, advogados e juízes que se engajam na nossa jurisprudência constitucional, jornalistas das grandes mídias falada e escrita, produtores e escritores que criam de shows televisivos a filmes e livros de nossa literatura e os professores mais influentes de nossas universidades de elite, pergunta-se, de onde vem essa elite que dirige um país?

            Um estudo, publicado no prestigioso periódico Intelligence (2013: 41), parece responder a esta questão. Para tanto, cinco grupos da elite norte-americana foram examinados: quinhentos executivos, listados na revista Fortune, em adição a juízes federais, bilionários, senadores e deputados do Parlamento. Os resultados? Mais do que surpreendentes. Dentro de cada um desses grupos, quase todos freqüentaram a universidade, com a maioria tendo freqüentado ou instituições altamente seletivas, ou alguma escola de graduação de mesmo porte e nível. Escores médios elevados em testes eram requeridos para admissão nestas instituições, indicando, portanto, que aqueles que alcançaram, ou foram selecionados para, essas posições, são altamente filtrados pela habilidade. Diferenças na habilidade e no nível educacional foram encontradas em vários setores nos quais bilionários alcançaram sua riqueza, tais como, em tecnologia e comércio varejista, o mesmo ocorrendo entre bilionários e executivos cuja riqueza foi conectada à educação. Entre senadores e deputados, os Democratas tiveram um nível de habilidade e educação mais elevado do que os Republicanos.

            Interessante notar, também, que 45% dos bilionários, 39% dos executivos, 41% dos senadores e 40% dos juízes federais freqüentaram escolas que requeriam escores de testes padronizados que os colocavam no topo de 1% da distribuição de habilidades. Outra constatação reveladora foi que mais de 10% dos participantes de todos esses cinco grupos passaram nos bancos escolares da universidade de Harvard, a universidade classificada em 1º lugar em recente ranking universitário.

            E os nossos representantes? De onde eles vêm?

            Olhe na sua Câmara, para dentro de seu Senado e, também, na Câmara de Deputados. Certamente há muitos inteligentes. Mas... a maioria... apenas pertencem ao PER (Programa de Enriquecimento Rápido), que o diga meu colega do jornal a Tribuna, o brilhante aqualogista e educador Paulo Finotti, especialmente quando fala de meio ambiente e (justíssimamente revoltado) de educação.

            Os dados acima indicados expandem e potencializam a literatura que conecta Educação, Habilidade e Riqueza, fornecendo evidência adicional que não suporta a hipótese de um limiar de habilidade ou, sequer, a idéia de que mais habilidade, além de um certo limite, não importa para predizer os resultados na vida real.

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