
Empatia na Medicina
Na literatura em educação médica há uma falta de consenso sobre o significado da empatia. Não obstante, tentativas têm sido feitas para definir este importante constructo psicológico. Uma concepção entende a empatia como um construto bidimensional, envolvendo um componente cognitivo e outro, afetivo. O componente cognitivo refere-se à habilidade intelectual de tomar o papel, ou a perspectiva, de outra pessoa, enquanto o componente afetivo consiste em responder com a mesma emoção que a emoção de outra pessoa. Todavia, argumenta-se que o elemento afetivo é um componente integral da simpatia, mais do que da empatia. Assim considerando, simpatia é o ato, ou a capacidade, de adentrar-se, ou juntar-se, aos sentimentos de outra pessoa. Já empatia é descrita como uma capacidade para entender o sentimento alheio, sem associar-se a ele.
Considerando que a empatia em relação aos pacientes está associada com a melhoria dos resultados de saúde, pesquisadores investigaram as experiências do fenômeno da empatia em estudantes de medicina, durante seu curso de educação médica, explorando a essência da empatia destes. Para isso, a abordagem fenomenológica foi usada como método de pesquisa para obter um completo entendimento da empatia originada das experiências dos estudantes, enraizadas em suas experiências subjetivas, vividas ou concebidas da vida global. Estudantes do 4º e 5º ano de Medicina, que interagiram profissionalmente com pacientes, e estavam bem preparados para conversar com estes últimos sobre vivência cotidiana e empatia, foram recrutados como participantes do estudo. A partir das vivências descritas pelos estudantes, suas respostas foram categorizadas de acordo com cinco temas centrais: significado da empatia, desejo de ter empatia, habilidade empática inata, enriquecimento / declínio da empatia e educação para a empatia.
Tomados juntos, as análises revelaram que, em termos da essência da empatia, os estudantes sentem que a mesma é fundamental para os cuidados médicos, creditando-a como uma combinação de entendimento, experiência e imaginação que ajudam o médico a lidar com as emoções e sentimentos internos de um paciente. Uma capacidade inata para empatia, passível de ser enriquecida por experiências de aprendizagem, é essencial para mostrar respostas apropriadas aos pacientes. Ademais, se estudantes enfrentam barreira para expressar empatia, sua habilidade de demonstrá-la pode não declinar, particularmente, se a aprendizagem decorre de modelos de aprendizagem usados como método de aprendizagem.
Os resultados sugerem que a habilidade para demonstrar empatia, no ambiente clínico, depende de se possuir habilidades empáticas inatas e a provisão de educação empática para os estudantes.