
Ensinando IE para residentes em Medicina
Inteligência emocional, definida como habilidade para perceber o estado emocional de alguém, é uma habilidade que permite modificar mesmo as próprias emoções. Médicos com esta habilidade destacam-se tanto para estimular equipes, quanto tomar decisões cruciais no contexto médico-hospitalar. Estudos médicos têm demonstrado que médicos com IE mais elevada estão associados a carreiras mais longas, interações médico-pacientes mais positivas, aumentada empatia, menor estresse no trabalho e na vida diária e, também, a melhores habilidades de comunicação. Outros estudos têm demonstrado, também, que, ao longo temo, a IE ligada a médicos se deteriora com o progresso do treinamento clínico, enquanto que, quando relacionada a profissionais em outros campos, tende a melhorar com o passar do tempo e a elevação da experiência.
Tal deterioração é suposta estar relacionada aos efeitos de perda da sensibilização provocada pelo treinamento médico, bem como, da despersonalização da relação médico-paciente e devido ao estresse e sobrecarga de responsabilidade que acomete esses profissionais em sua jornada diária. Creditada como fator preditor do sucesso no treinamento em residentes de medicina, supõe-se que residentes com baixa IE sejam menos preparados para lidar com os estressores do treinamento e da prática, tendendo a deixar a profissão precocemente. No caminho inverso, residentes com IE elevada tendem a revelar mais comportamentos proativos, melhor desempenho acadêmico, melhores relacionamentos com os pacientes e carreira mais longa e melhor sucedida.
Em estudo recentemente publicado "Western Journal of Emergency Medicine (volume XVI, 6, 899-906; 2015)", um grupo de pesquisadores procurou mensurar os efeitos de uma breve intervenção educacional visando a melhoria da IE geral de residentes de uma unidade de emergência. Especificamente, os pesquisadores procuraram ensinar a um grupo de residentes uma habilidade relacionada à IE denominada perspectiva-social, buscando verificar se a mesma poderia enriquecer sua IE, tal como operacionalizada pelos escores obtidos num conjunto de 10 itens de um Inventário de Competência Emocional. Em três anos, foram delineados 12 residentes/classe e todos, dos três níveis, participando do estudo, designados sob intervenção (experimental) ou grupo controle, bem como, por pré-teste, pós-teste e acompanhamento durante um período de seis meses.
O resultado? Uma interação significativa entre os efeitos do grupo e do tempo, com testes a posteriori revelando um aumento significativo nos escores de IE para o grupo sob intervenção (grupo experimental) (62,6% para 74,2%), do momento 1 para o momento 3, mas nenhuma mudança estatística para o grupo controle, sem intervenção (66,8% para 66,1%). Efeitos significativos do sexo dos estudantes residentes e no nível de treinamento não apresentando alterações. De forma promissora, tal treinamento da IE pontuou, seis meses após a intervenção, impacto positivo, e significativo, da habilidade específica de perspectiva social sobre os residentes de uma unidade de emergência, fato, este, explicado, pelo fato de os residentes requererem mais tempo para processar, e aplicar, as habilidades de IE adquiridas no treinamento que lhes permitisse aptidão passível de mensuração.