
Era feliz e sabia
Felicidade, geralmente, inclui três componentes. E, cada um, representando importante pilar de tal edifício. Se emocionais, refletem aspectos hedônicos da felicidade. Cognitivos, baseiam-se nas avaliações que as pessoas fazem de suas vidas e circunstâncias atuais. Neste contexto, variadas são as evidências que sugerem religiosidade conduzindo ao aumento das emoções positivas. Facilitando a ampliação do binômio pensamento-ação, para conduzir a resultados pró-sociais, enriquecedores da afiliação religiosa, também facilitam flexibilidade cognitiva, ou seja, pessoas focando sua atenção em estímulos seletivos para as recompensas que o ambiente religioso pode lhes trazer.
Recentemente, ao caminhar pelo quadrilátero do Colégio Nª. Sª. Auxiliadora, algumas lágrimas ousaram brilhar em meus olhos. Lembrei-me, emotivamente, das inúmeras e crescentes emoções positivas que vivenciei ao, ali, outrora, buscar, primeiro, minha namorada, que no futuro tornou-se minha esposa, e, depois, meus dois filhos, que também ali, tal como ela, também aprenderam as letras, os valores e a consciência cidadã. Nestes tempos, uma questão que fiz à minha esposa, “Por que ela gostava tanto daquele colégio?”, recebeu, de pronto, esta resposta, “É um colégio que une, com rara felicidade, o ensino acadêmico com algo importante para o desenvolvimento da personalidade: as emoções e a religiosidade”. A propósito, Irmã Valentina, antiga diretora daquele centro de saber, entendia que o homem deveria ser formado em sua plenitude. Os aspectos cognitivos, afetivos, motivacionais e religiosos deveriam ser compartilhados para que o cidadão se tornasse um todo íntegro e bom.
Atualmente, também a atual diretora, até onde conheço, continua edificando seu processo educacional sobre estes mesmos pilares. Anos depois, já cientista maduro, com quase 40 anos de experimentação contínua em analisar, com profundidade, as variáveis que controlam a felicidade, descobri evidências que, invariavelmente, sustentam que, quanto mais religioso o homem, independente de sua orientação religiosa, maiores são seus indicadores de felicidade. Alguns interpretam que a religiosidade permite a afiliação, identidade e significado à vida. Ademais, ao elevar as emoções positivas, de forma agregada, a religiosidade diminui, acentuadamente, riscos de condição séria em saúde, como, por exemplo, depressão, doenças coronarianas e criminalidade.
Logo, quaisquer que sejam os efeitos da religiosidade sobre a felicidade, compeliram-me a circular em torno do colégio e reconfirmar que, atrás daqueles muros, minha falecida esposa, e filhos, ainda vivos, foram realmente felizes... motivo pelo qual minhas emoções positivas serem crescentes. Hoje, o meu mundo é o mundo da ciência e a vida me devolveu a felicidade. E, com esta, “a cada dia em que me aprofundo na ciência, mais me aproximo da religiosidade”.