
Função pulmonar afeta envelhecimento cognitivo
Postado em 18 de Abril de 2014 às 17:04 na categoria Cognição e envelhecimento
O declínio cognitivo com o aumento da idade, em idosos saudáveis, tem sido bem documentado e extensivamente estudado. Estudos iniciais dos processos de envelhecimento têm caracterizado o declínio cognitivo como um componente global da lentidão comportamental relacionada à idade. Por sua vez, estudos recentes têm documentado declínio cognitivo associado com um número de diferentes condições de saúde crônicas relacionadas com a idade, aqui incluindo doença cardiovascular, doença pulmonar obstrutiva crônica e hipertensão. Assim, declínios nas funções física e cognitiva têm sido associados com processos de envelhecimento, mas poucos estudos têm tentado avaliar se há uma relação causal entre essas funções ou determinar a direção da causalidade.
Função pulmonar, como mensurada com avaliações espirométricas padronizadas, tem sido utilizada como indicador objetivo da função física nos estudos avaliando a relação entre função física e função cognitiva. Estudos baseados em grandes populações têm revelado que a função pulmonar é um preditor longitudinal da função cognitiva em idosos. A função pulmonar tipicamente tem sido associada com medidas de desempenho cognitivo fluído (por exemplo, habilidade de solucionar problemas, velocidade psicomotora e seqüenciamento de informação), mais do que com conhecimento cristalizado acumulado (por exemplo, recuperação de informação da memória a longo-prazo).
Todavia, a despeito dessas associações longitudinais entre função cognitiva e função pulmonar, a maioria dos estudos não tem analisado se mudanças na função pulmonar precedem mudanças na função cognitiva, ou vice-versa. Na tentativa de esclarecer a causalidade dessa associação, pesquisadores realizaram um estudo com 832 participantes (50 a 85 anos de idade na linha de base), os quais foram avaliados ao longo de 7 testagens, durante 19 anos, como parte do estudo sueco longitudinal acerca do envelhecimento.
Tomados juntos, os dados revelaram que mudanças na função pulmonar levam a mudanças subseqüentes na função cognitiva fluída, especificamente, em tarefas refletindo habilidades espacias e velocidade psicomotora. Mudanças na função pulmonar também provocaram mudanças no desempenho das tarefas verbais, mas o efeito foi muito modesto. Interessante notar, também, que não houve influência da função pulmonar no desempenho mnemônico. Não houve evidência de que declínios na função cognitiva conduzem a declínios subseqüentes na função pulmonar. Assim, estes dados indicam uma relação direcional indo de uma função pulmonar diminuída para uma função cognitiva diminuída, sugerindo que estratégias para manter, ou melhorar, a função pulmonar podem ser importantes para manter a função cognitiva fluída com o envelhecimento.