
Futebol fora de casa: a distância influi?
Estudo analisando o
papel da distância geográfica no desempenho de times de futebol profissionais,
em termos de gols feitos e tomados, afirma que tal desempenho diminui com o
aumento da distância física do campo no qual se realiza a partida. Para testar
esta hipótese, empiricamente, utilizou-se um banco de dados da Primeira Divisão
do Futebol Alemão, o “Bundesliga”, analisando-se 6389 jogos realizados fora de
casa, num total de 38 times e 21 campeonatos, entre 1986-87 e 2006-07.
Os resultados sugeriram que a
distância exerce impacto significativamente negativo, e não-monotônico, no
desempenho defensivo do time de futebol. Com isso, o sucesso do time visitante,
para impedir um gol, diminuiu quanto mais distante foi o campo do time
adversário. Todavia, o impacto da distância foi não-monotônico, indicando que o
desempenho do time jogando fora de casa torna-se pior até certa distância. Para
além desse “ponto crítico”, estimado por volta de 450 km, o comportamento
defensivo do time melhora novamente. O que isto significa? Que a distância
aumenta a probabilidade de o time visitante conceder gols, exibindo um
negativo, mas insignificante, impacto sobre a habilidade de fazer gols.
Ademais, focalizado o resultado final da partida (ganhar, empatar ou perder),
como medida do sucesso global do time, os dados revelaram efeitos negativos
significantes da distância.
Este estudo, também investigando
como os times de futebol lidam com a potencial desvantagem da distância causada
por jogar fora de casa, analisou a suposição de os times poderem aprender a
lidar com possíveis desvantagens de viagem a locais distantes. O esperado era a
diluição do impacto da distância sobre o desempenho do time, ao longo dos anos,
ou mesmo em função da quantidade de campeonatos disputados. Dados indicaram que
o impacto global da distância não é característico de um ano específico e nem
se torna mais fraco, ou mais forte, ao longo do tempo. Logo, não houve efeitos
de aprendizagem em relação ao papel da distância sobre o desempenho do time.
Investigado, também, o papel da experiência deste sobre o impacto da distância
no desempenho, considerando o número de anos que um time permanecia na
“Bundesliga”, entre os campeonatos de 1986/7 e 2006/7, dados indicaram que a
relação estimada entre distância e desempenho do time não parece ser afetada
pela composição de times experientes ou menos experientes, dentro de um
campeonato específico.
Portanto, apesar da consistência
destes dados, fica difícil discriminar, entre causas puramente físicas,
psicológicas e organizacionais, as que expliquem as desvantagens provocadas
pela distância.