Gênios e loucura: dados historiométricos

Gênios e loucura: dados historiométricos

 

            Registros históricos são repletos de exemplos típicos da associação entre gênio e loucura. De fato, vários pesquisadores têm, exaustivamente, compilado listas de grandes gênios que sucumbiram a uma ou outra doença mental. Estes gênios podem ser criativos, ligados às letras e artes, em geral, e às ciências.

            Dentre os gênios que experenciaram uma séria desordem mental, em algum momento da vida, encontramos os cientistas Newton, Darwin, Galton, Freud; os filósofos Russeau, Nietzsche, Kierkegaard; os romancistas Balzac, Dostoiévski e Kafka; os dramaturgos Schiller, Lorca e Tennessee Williams; os poetas Emily Dickinson, Rimbaud, Ezra Pound; os pintores Michelangelo, Modigliani e Rothko; e compositores Schumann, Gershwin e Rachmaninoff.

            Com muita freqüência, estas desordens terminam de maneira trágica e direta: no suicídio. Dentre estes suicidas famosos estão: Alan Turing, George Eastman, Ernest Hemingway, Jack London, Horacio Quiroga, Virginia Woolf, Vincent Van Gogh e Peter Tchaikovsky. Há, também, aqueles que, sem sucesso, tentaram acabar com a própria vida, tais como, Comte de Saint-Simon, William James, Dorothy Parker, Louy de Maupassant, Maxim Gorky e Hugo Wolf.

            Em outras ocasiões, a saúde mental adota um rótulo mais sutil, mas, ainda, pernicioso: o alcoolismo. A lista de gênios alcoólatras na literatura, sozinha, sobrepõe as de todos os outros domínios da criação humana. Dentre eles: Charles Baudelaire, Truman Capote, Samuel Coleridge, William Faulkner, F. Scott Fitzgerald, Ernest Hemingway, Victor Hugo, Samuel Johnson, James Joyce, Jack Kerouac, Jack London, Edgar Allan Poe, Jean Paul Sartre, John Steinbeck, Mark Twain, Tennessee Williams e Thomas Wolfe etc.

            Algum grau de doença mental ficou supostamente evidente em líderes famosos e infames. Dentre eles Churchill, U. S. Grant, Alexander Hamilton, Adolf Hitler, Howard Hughes, Abraham Lincoln, Martin Luter King, Florence Nightingale; e atores prodígios, como: James Dean, Clark Gable, Janis Joplin e outros.

            Concluindo, podemos destacar cinco elementos: 1º) comparativamente à população geral, os gênios, em diferentes domínios, parecem exibir alta taxa e intensidade de psicopatologia; 2º) quanto mais eminente o gênio tanto mais alta são a taxa esperada e a intensidade dos sintomas psicopatológicos; 3º) dentre as patologias disponíveis, depressão parece ser a mais freqüente, ao longo dos seus correlatos de suicídio, alcoolismo e abuso de drogas; 4º) uma linhagem familiar, que produz os gênios mais eminentes, tende, também, a caracterizar uma alta taxa e intensidade de psicopatologia, com a origem familiar apresentando tanto vantagens, quanto desvantagens, isto é, tanto a loucura quanto a genialidade; e 5º) a taxa e a intensidade dos sintomas variam de acordo com o domínio da criação. Uma curiosidade: a psicopatologia é mais elevada entre gênios artísticos do que entre gênios científicos. Também: governantes tiranos exibem as mais altas taxas de tudo, aproximadamente, 91% apresentando alguma psicopatologia. Você assistiu o filme de 2006, “O último rei da Escócia”, o qual foi estrelado por Forest Whitaker, que ganhou o Oscar por representar o ditador ugandense Idi Amin? Nele, parece que gênio e loucura são um só personagem.

 

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