Ginkgo biloba e os Processos Cognitivos

Ginkgo biloba e os Processos Cognitivos

            Ginkgo biloba (G. biloba) é um fitoterápico amplamente popularizado e utilizado pelos que esperam melhorar, prevenir e retardar o declínio cognitivo associado ao envelhecimento e desordens neurodegenerativas, tais como, a Doença de Alzheimer. Porém, estudos completamente aleatórios revelaram que 120 mg de tal produto, ingeridas duas vezes ao dia, não foram eficazes na redução de incidência de demência por Alzheimer e afins, ainda que seja possível o G. biloba ter efeitos terapêuticos mais sutis sobre os processos cognitivos. De fato, este produto pode prevenir, ou retardar, mudanças associadas ao envelhecimento, em indivíduos com funcionamento cognitivo normal, bem como, retardar a taxa de declínio em indivíduos caracterizados como tendo dificuldade cognitiva moderada.

            Um estudo recente, envolvendo ensaios clínicos de longa duração, investigou os efeitos cognitivos do G. biloba em indivíduos sem demência. Os objetivos do estudo foram determinar se o G. biloba: (1) afetaria a taxa global de mudança cognitiva; (2) teria efeitos diferenciais em domínios cognitivos específicos, isto é, em memória, linguagem, construção visuo-espacial, atenção e funções executivas e (3) idade, sexo, raça e educação modificariam os efeitos do tratamento do G. biloba sobre as mudanças cognitivas.

            Os resultados, estatisticamente comparando integrantes do grupo placebo (sem medicamento) e do grupo G. biloba, revelaram que os escores médios não diferiram entre os tratamentos. Os grupos G. biloba e placebo não diferiram entre si nas taxas de mudança cognitiva para o escore de funcionamento cognitivo global, assim como, nos domínios cognitivos específicos. Do mesmo modo, não foram encontradas modificações dos efeitos significativos associados à idade, sexo, raça, idade e educação. Além disso, eventos adversos para os grupos G. biloba e placebo foram similares, sendo as taxas de efeitos adversos sérios, incluindo mortalidade, incidência de doença cardíaca coronariana, mortalidade de qualquer tipo e grandes hemorragias, não diferiram significativamente.

            Em resumo, ao contrário do popularizado, este estudo, de longa duração, não encontrou evidência para um efeito do G. biloba tanto no processamento cognitivo global, quanto nos domínios cognitivos específicos de idosos. Em outras palavras, quando comparado com o grupo placebo, o uso do G. biloba, em duas doses diárias de 120 mg, não resulta em menos declínio cognitivo em idosos com funcionamento cognitivo normal, ou com dificuldade cognitiva moderada. Assim, vale o velho adágio: “Antes de tomar qualquer medicamento, principalmente aqueles derivados de produtos naturais, que não têm sua eficácia cientificamente procure um médico”. Um médico bom e cientificamente bem formado.

 

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