
Habilidade e mortalidade aos noventa
Atualmente, é bem conhecido que, pessoas, com alta inteligência, tendem a viver mais tempo. A associação inteligência-mortalidade existe quando a cognição é mensurada no início da vida e na maturidade. Todavia, quais fatores cognitivos, de fato, predizem sobrevivência aos noventa anos? Esta é uma questão interessante, pois, entre as sociedades, as pessoas estão vivendo mais e, portanto, torna-se necessário avaliar se a associação cognição-mortalidade existe da mesma maneira quando as pessoas têm alcançado os seus 90 anos, tal como ocorre no início da vida.
Para testar essa hipótese, dados foram coletados de 543 participantes, que entraram no estudo com uma idade média de 79 anos. A maioria deles havia tomado um teste de inteligência geral quando tinham onze anos e 79 anos, a partir dos quais, em adição à medidas de inteligência nestes dois momentos, mudança cognitiva ao longo da vida foi calculada. Os domínios cognitivos avaliados aos 79 anos de idade incluíram: vocabulário, raciocínio não-verbal, memória declarativa verbal e funcionamento executivo. Um fator geral de inteligência fluída foi extraído do raciocínio, da memória e do funcionamento executivo. Medidas referentes ao status sócio-demográfico, de saúde e de comportamentos relacionados à saúde foram, também, incluídas no modelo cognitivo considerado. Além disso, fluência verbal, memórica lógica e uma medida de inteligência cristalizada compuseram outras funções cognitivas avaliadas. Indivíduos com evidência de incapacidade cognitiva patológica, povoada por desordens neurodegenerativas, como, por exemplo, demência, foram excluídos.
Os dados mostraram que quando as pessoas alcançaram a idade de 79 anos, a inteligência fluída, o raciocínio e a memória, mensurados na maturidade, e mudanças relativas na habilidade cognitiva, de 11 para 79 anos, são importantes em predizer mortalidade. Saúde e status sócio-econômico são mecanismos possíveis através dos quais a habilidade cognitiva prediz mortalidade na maturidade. Assim considerando, quando analisando a relação entre cognição e risco de mortalidade, na velhice, torna-se útil ter a cognição avaliada na juventude e na velhice, bem como, usar medidas cognitivas gerais e específicas.
A longevidade é garantida, portanto, por um processo cognitivo inteligente, de eliminação contínua, e duradoura, de fatores de risco que afetam a vida saudável.