
Habilidades mentais humanas: por que estudá-las?
Qual a importância de estudarmos as habilidades humanas? É a de sermos capazes de avaliar, através delas, a eficácia das pessoas, individualmente. Entretanto, grande variedade de crenças populares sobre as habilidades não tem qualquer fundamento. Neste contexto, alguns professores têm sido expostos à ideia de que há, pelo menos, 10 diferentes tipos de “inteligências”, bem como, que cada criança é excelente, ao menos, num tipo de habilidade cognitiva. Outros, à idéia de que nosso patrimônio genético tem um papel importante sobre nossas habilidades mentais e que as influências ambientais têm mais importância que as genéticas. Em meio a tantos “achismos”, pergunta-se: “São algumas dessas concepções corretas? O que faz com que as pessoas diferem em suas habilidades cognitivas?”
É próprio da cultura ocidental enfatizar diferenças individuais das habilidades. Um exemplo? Basta analisar as diferenças entre colegas que estes mesmos percebem entre si na escola ou quando, já adultos, os mesmos se candidatam para empregos variados. Conhecendo como essas habilidades originam-se, e desenvolvem-se, talvez seja possível desenvolvermos estratégias educacionais para maximizar o potencial de cada criança. Como? Se conhecermos como a estimulação fornecida durante a infância melhora algumas habilidades mentais, os governos poderiam, talvez, implementar programas de enriquecimento cognitivo para as crianças pré-escolares. A avaliação das habilidades faz parte, também, de uma das histórias de maior sucesso da psicologia como ciência e profissão. Os testes de habilidades, ou inteligência, particularmente, são extremamente úteis na psicologia aplicada, os quais têm ajudado empresas, indústrias, escolas, governos a economizarem bilhões de dólares permitindo-as selecionar candidatos a emprego com o maior potencial de sucesso.
Assim, a partir do conhecimento de quais habilidades existem, há evidências de que diferenças individuais nas habilidades mentais realmente causem diferenças individuais no comportamento cotidiano, além de outras variáveis, tais como, classe social, poderem ser destacadas como elementos capazes de influenciar os escores das pessoas nos testes de habilidades. O papel dos psicólogos nesta situação? Tentam predizer o comportamento, sabendo que, se assim for, é necessário considerar tanto as diferenças individuais quanto as situações, estímulos e outros aos quais as pessoas são expostas.
Logo, é importante investigar o porquê de as habilidades mentais se correlacionarem com vários aspectos da percepção, ação, tempo de reação e estruturas cerebrais porque, tais co-variações existem. Além disso, é necessário que se considere o porquê de os escores de diferentes habilidades mentais, especialmente, os escores dos testes de inteligência geral, serem altamente correlacionados com vários indicadores econômicos, sociais, escolásticos e de saúde. A psicologia das habilidades mentais é, assim, um ramo da psicologia que investiga “como” e “por que” as pessoas diferem uma da outras. Característica esta, portanto, que faz com que ela contraste com outras disciplinas que consideram as “diferenças individuais” como perturbações, ou ruídos, as quais devem ser ignoradas e controladas estatisticamente.