
A imagem do tempo
O
que faz um relógio, às vezes, parecer parado? É possível perceber o mundo mais
lentamente após um acidente de carro? Como estimamos o tempo? Você já verificou
como as estimativas de tempo variam em função de diferentes tarefas? Se uma
tarefa é cheia e complexa, o tempo passa rapidamente. Já se é monótona e vazia,
o tempo demora a passar. Por isso sempre achamos que os ônibus demoram a passar,
que nossos companheiros e colegas estão atrasados, que as filas nunca andam ou
que as ao lado sempre andam mais rapidamente. Desde os primórdios o tempo tem
intrigado pensadores e, atualmente, os cientistas. Uma das grandes preocupações
têm sido as vastas diferenças observadas entre indivíduos em sua percepção,
mesmo dos intervalos de tempo mais comuns. E quando solicitados a estimar
intervalos de tempo na ordem de segundos, há diferenças nas respostas de
diferentes indivíduos. Para alguns pesquisadores, isto é um obstáculo quando se
pretende derivar princípios gerais. Para outros, é o caminho através do qual
podemos entender a essência do próprio comportamento.
Neste contexto, estudo recente
investigou a percepção de tempo considerando diferenças de sexo e idade. Os
participantes, metade homens e metade mulheres, divididos igualmente em cinco
grupos etários (20-29; 30-39; 40-49; 50-59 e 60-69 anos), tiveram por tarefa
estimar quatro intervalos de tempo de 1, 3, 7 e 20 s de duração, completando 50
tentativas consecutivas, num dado intervalo, antes de seguir para o intervalo seguinte,
sendo aleatória a ordem dos intervalos apresentados. Após estimarem estas
durações, os participantes foram requeridos a preencher um breve inventário,
com várias questões referentes ao tempo. Os resultados mostraram, claramente,
um efeito significativo do sexo em relação às estimativas médias, indicando que
mulheres subestimam intervalos produzidos quando comparadas aos homens, mas, em
relação à média física, sendo mais acuradas. O mesmo ocorrendo em relação à
variabilidade das respostas. Por outro lado, a idade não pareceu afetar as
estimativas destes breves intervalos de tempo.
Já as respostas dadas em relação às
características e atitudes em relação ao tempo revelaram que as estimativas
produzidas não foram afetadas pelo fato de as pessoas usarem relógios,
considerando-se sempre pontuais, ou atrasadas, para encontros e reuniões. Também
a participação em atividades em que o tempo era fator importante não
influenciou as estimativas das durações. Mas, surpreendentemente, a idade
cronológica produziu fortes, e consistentes, efeitos sobre as atitudes
expressas, particularmente em intervalos de tempo mais amplos. Ao contrário, o
sexo dos indivíduos teve menor impacto sobre estas atitudes em direção aos
horizontes temporais mais longos.