Inteligência e desigualdade global

Inteligência e desigualdade global

           Enormes disparidades econômicas, e outras, também nas condições humanas, permanecem irresolutas em todo o mundo, mas, a despeito de estudiosos e líderes políticos debaterem, continuamente, sobre as causas desses problemas, bem como, sobre os meios possíveis de solucioná-los, nenhuma concordância tem sido alcançada sobre a desigualdade, tampouco sobre os métodos para reduzi-la. Caracteriza o debate, entretanto, o fato de as explicações para a desigualdade global estarem sendo concebidas, apenas, a partir de fatores culturais, políticos e ambientais, sem que sejam mencionadas quaisquer características da natureza humana, tais como, o conhecimento de que fenômenos fenotípicos sejam sempre afetados não somente pelo ambiente, como, também, por fatores genotípicos.

            A limitação dos fatores ambientais, presentes nas teorias culturais, teorias da modernização, teorias da dependência e sistema mundial e teorias políticas e institucionais, parecendo ser comum a todas as teorias prévias acerca da desigualdade global, e pobreza, simplesmente por não ter sido possível testar, satisfatoriamente, e por evidências empíricas, o poder explicativo das mesmas, considerada a dificuldade de operacionalização de seus conceitos e hipóteses centrais, bem como, ocasionando não se conhecer em qual extensão elas serem capazes de explicar a emergência, e a persistência, de ambas.

            O que, no caso, é observado ser característico de todas essas teorias ambientais do desenvolvimento é o fato de elas parecerem ter sido baseadas na suposição implícita de que, sendo as habilidades inatas de todas as nações mais ou menos as mesmas, não se fazer necessário dar qualquer atenção especial às possíveis diferenças nas mesmas. Neste contexto, fatores ambientais, sendo assumidos serem suficientes para explicar emergência e persistência da desigualdade global, embora cada teoria refira-se, em alguma extensão, a diferentes tipos desses fatores, levando à suposição de que estes sejam suficientes para explicar a existência das enormes lacunas evolutivas entre os países, ou mesmo, entre regiões em um mesmo país, implicando uma idéia de que é possível erradicar estas lacunas evolutivas através de mudanças apropriadas nos fatores ambientais e nas políticas públicas.

            Em outras palavras, pobreza, e outras disparidades nas condições humanas, não são supostamente inevitáveis, mas, sim, apresentam conseqüências parciais de fatores geográficos e, até mesmo, de conseqüências de políticas econômicas, sociais e de saúde, o que significa que seria possível a redução de tais disparidades simplesmente corrigindo esses fatores.

            Contrastando, pouca atenção, quando não negligência geral, tem sido dada à significância da evolução da diversidade humana. Praticamente, poucos são os economistas que têm considerado a idéia de que a desigualdade global, em alguma extensão, é conseqüência inevitável, e natural, da diversidade humana. Como conseqüência, nunca se tem sugerido, nem de perto, que diferenças nacionais na inteligência possam desempenhar algum papel nas diferenças nacionais do desenvolvimento econômico, bem como, em outras desigualdades globais, pois assume-se amplamente que pessoas de todas as nações têm o mesmo nível médio de inteligência.

            Um exemplo? Kofi Annan, ex-secretário geral das Nações Unidas, afirmar, em abril de 2000, que inteligência “é uma ferramenta igualmente distribuída entre as pessoas de toda o mundo”. É conhecido, na psicologia, que isto é incorreto e que há grandes diferenças nos níveis de inteligência média entre diferentes nações. Em vista dessas diferenças, parece hipótese razoável assumir que diferenças nacionais em inteligência possam ser um fator de contribuição às diferenças nacionais em riqueza, pobreza e outras disparidades globais.

            Esta é uma hipótese promissora que iremos consubstanciar empiricamente ao longo de nossas discussões vindouras. Sintam-se, todos, convidados a nos acompanhar.

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