
INTELIGÊNCIA NA JUVENTUDE E SAÚDE AOS 50 ANOS
Epidemiologia cognitiva é um domínio do saber recentemente estabelecido que tem buscado analisar a conexão entre inteligência na infância/juventude e as causas de mortalidade, supondo-se que baixa inteligência tem sido, muitas vezes, associada a risco mais elevado de mortalidade. De fato, estudos nomeados dentro desse domínio sugerem que diferenças individuais na inteligência podem ajudar a explicar as desigualdades sociais na saúde. Para melhor entender essa relação, estudo recentemente publicado na revista Intelligence (2015; 53: 23-32) examinou a relação entre inteligência pré-mórbida e um número de indicadores específicos de saúde, aferidos na idade de 50 anos, usando, para tal, 5793 participantes em um estudo longitudinal nacional, realizado nos Estados Unidos, em 1979. Neste, informações sobre uma variedade de tópicos foram coletadas, tais como, sobre saúde, educação, testes escolásticos, emprego e atitudes, com os primeiros dados sendo coletados em 1979 e os demais após reentrevistas anuais, ocorridas até 2004, e, desde então, bianualmente.
A medida de inteligência usada neste estudo foi o teste de qualificação das forças armadas, composto pelos seguintes subtestes: raciocínio aritmético, conhecimento matemático, conhecimento vocabular e compreensão textual. Por outro lado, foram analisados 16 indicadores de saúde, a saber: duas medidas globais de saúde (saúde física e limitação funcional), 9 condições de saúde diagnosticadas, 4 auto-registros de saúde e 1 medida geral do status de saúde. Análises estatísticas complexas, como a regressão logística e a regressão linear, foram usadas para examinar a relação sugerida entre Inteligência na juventude e os Indicadores de saúde na quinta década etária. Importante ressaltar que, idade, sexo e status socioeconômico na juventude e na idade adulta, bem como, seus subcomponentes, como renda, ocupação e prestígio ocupacional, foram, todos, ajustados separadamente.
Os resultados mostraram que, aqueles indivíduos com QIs mais elevados na juventude tendem a ter, globalmente, melhor saúde física e menos probabilidade de terem condições crônicas de saúde. Importa ressaltar que o status social não influencia as associações entre inteligência pré-mórbida e indicadores de saúde, havendo alguns resultados notáveis sobre poucas condições de saúde. Senão, vejamos: na idade de 50 anos, doença cardiovascular e condições a ela associadas – pressão alta, problemas cardíacos em geral, congestão cardíaca, derrame e infarte – foram, significativamente, associados na juventude. Doença pulmonar crônica foi, também, significativamente, associada a inteligência na juventude, mas os dados não revelaram uma relação entre inteligência e morbidade por câncer. Todavia, uma alta inteligência pré-mórbida tem sido associada com reduzido risco de morbidade e mortalidade por câncer pulmonar. Diabetes foi, também, associada, significativamente, à inteligência na juventude.
De modo global, 13 dos 16 indicadores de saúde foram negativamente associados com QI na juventude. Pontualmente, um desvio padrão (15 pontos) mais alto no escore de QI foi muito associado às altas vantagens de se ter boa saúde, muito boa saúde e excelente saúde.
Concluindo, os dados analisados revelam, categoricamente, que, baixa inteligência é um grande fator de risco para pobre saúde, em muito contribuindo para os indicadores de desigualdades nesta área