
Inteligência: um demônio social
Inteligência
é a variável mais poderosa e mais bem entendida nas Ciências Sociais. Métodos
psicométricos sofisticados, desenvolvidos, especificamente, para os testes de
inteligência, são usados para construir e aferir os testes modernos.
Inteligência pode ser mensurada com melhor fidedignidade do que qualquer outra
variável neste mesmo contexto. Grande quantidade de dados tem sido coletada
usando os testes, e esses dados espalham-se para muitas outras áreas de
diferentes áreas científicas. O mais importante é que, dados obtidos de milhões
de indivíduos mostram fortes relações com muitos e importantes resultados
sociais, incluindo desempenho educacional, sucesso ocupacional, renda e
mortalidade, para nomear alguns poucos.
Do mesmo modo, os dados coletados
também fornecem importantes informações sobre as origens genéticas, biológicas
e ambientais da inteligência. Relações em nível nacional também têm sido
investigadas, revelando que países com QI médio, mais elevados, mostram maior
produto doméstico bruto per capita, bem como, são menos religiosos e com níveis
mais elevados de democracia. Em resumo, olhada por qualquer padrão objetivo,
inteligência é uma história de sucesso nas Ciências Sociais, de proporções
jamais vistas no cenário científico. Infelizmente, poucos conhecem a história
completa sobre a inteligência. E, pior, o que se conhece é, frequentemente,
errado. Há boas razões para as pessoas não conhecerem esta historia de modo
completo.
A imprensa popular, algumas vezes,
registra, erradamente, e, além disso, sensacionaliza, temas reacionados à
inteligência. Também, muitos cientistas sociais, psicólogos em particular, têm
dado pouca atenção à diferenças individuais. E, usualmente, não se mantém bem
informada sobre os progressos científicos nesta área. Significativamente, mesmo
aqueles que estudam inteligência não têm divulgado, adequadamente, a verdadeira
história da inteligência.
Ao menos por uma razão a história
completa não tem sido contada. È que pesquisadores sobre inteligência
originam-se de muitos, e diferentes, campos das Ciências Sociais, incluindo Genética
do Comportamento, Psicologia Experimental, Biológica, Industrial e Educacional,
bem como, Sociologia, Economia, Epidemiologia e muitos outros. Entretanto,
mesmo com tantas mães e pais, inteligência termina sendo uma órfã, pois,
enquanto o estudo interdisciplinar da inteligência tem tornado a área muito
forte, ele também a tem deixado sem dono(s).
Se alguém julga o estudo da
inteligência do ponto de vista da mídia, pode-se esperar que tudo sobre ela
pareça controverso em uma ou outra direção. O fato é que, muitos temas sobre
inteligência são resolvidos para satisfazer as autoprofecias de cada um. O
pequeno número de temas controversos que existem podem gerar muita atenção
popular como, por exemplo, diferenças étnicas na inteligência, mas são menos
importantes para entender inteligência do que muitos temas que não são
controvertidos.
Há, ainda, muito a entender e muito
a ser descoberto, mas a maioria desses temas não é controversa em geral. Por
exemplo: como o comportamento está relacionado ao cérebro e como o cérebro, por
sua vez, está relacionado aos genes e ao ambiente são, certamente, partes importantes
para o completo entendimento da inteligência. Ninguém achará estes tópicos
particularmente controversos. Entender como inteligência está relacionada ao
desempenho acadêmico torna-se fundamental à compreensão de como educação
funciona. Neste caso, também ninguém achará o tema controverso. Todavia,
entender que inteligência está altamente correlacionada com renda individual e,
no nível agregado, com a renda nacional pode tornar-se um tema controverso. Do
mesmo modo, demonstrar que há diferenças entre grupos na inteligência, e que
estas diferenças podem ser mais bem explicadas pelos genes do que pelo
ambiente, é um tema que pode explodir nas mãos de quem o sustentar. Tanto é
que, aqueles que estudam tais temas controversos sabem que estão manipulando
nitroglicerina pura.
A inteligência, mensurada através do
QI (Quociente Intelectual), não é apenas um demônio social, mas o principal
meio pelo qual mostra o efeito de outro demônio: o econômico. A inteligência,
através do QI, sempre nos dá uma informação indesejada, mas condená-la é igual
à prática real, e antiga, de escravizar o mensageiro que trazia as más
notícias. Olhe ao redor e confira.