Inteligência: uma medida do capital humano

Inteligência: uma medida do capital humano

Por que algumas nações são pobres e outras ricas? Questionamentos sobre a natureza e as causas da riqueza das nações têm sido debatidos anteriores a Adam Smith. Por exemplo, Japão é um país rico e Nigéria é um país pobre. Alguns autores têm oferecido que tal geografia tem explicação fundamental para as disparidades econômicas entre nações e regiões no mundo. Tudo sendo igual, países com maiores recursos naturais e maior proximidade aos mercados mundiais deveriam ser mais ricos. Nigéria tem mais recursos naturais que Japão e está muito mais próximo aos velhos centros industriais da Europa. Portanto, Nigéria deveria ser mais rica que Japão.

Por outro lado, instituições econômicas têm também sido utilizadas para explicarem as grandes disparidades econômicas entre as nações do planeta. Todavia, instituições são feitas por pessoas, portanto, as causas imediatas da qualidade institucional e resultados econômicos devem ser buscadas nos traços físicos, cognitivos ou atitudinais dos atores humanos. De acordo com essa concepção, Japão é rico e Nigéria é pobre porque os japoneses possuem mais “capital humano” que os nigerianos.

Talvez por isso, poucos economistas duvidam que a riqueza das nações depende em grande parte do capital humano, definido como as habilidades, as atitudes e os traços de personalidade traduzidos em atividade econômica. Menos concordância existe sobre a melhor maneira de mensurar o capital humano. Tradicionalmente, este tem sido mensurado pela quantidade ou qualidade da educação. Medidas do capital humano que têm sido frequentemente usadas incluem a média dos anos de escolaridade, expectativa de vida escolar e taxas de matrícula na educação primária, secundária e superior.

Estudos predizendo as taxas de desenvolvimento econômico das diferentes nações com esses tradicionais indicadores têm produzido resultados bastante mistos. Um dos problemas apontados é que anos na escola e graus educacionais medem as saídas educacionais, mas, não, as habilidades cognitivas e não cognitivas que as crianças adquirem ou fracassam adquirir na escola. Mais relevante que a mera exposição à escolaridade são as habilidades que as crianças adquirem na escola. Efeitos não cognitivos da escolaridade são também difíceis de mensurar. Atualmente, psicólogos e economistas orientados para a natureza humana têm identificado duas medidas acuradas das habilidades cognitivas, ambas disponíveis em níveis dentro da nação e entre nações.

A primeira dessas medidas consiste nos resultados do(s) QI(s) mensurado(s) ou estimado(s) para as diferentes nações do mundo ou mesmo entre regiões de uma dada nação. A segunda medida consiste nas avaliações escolásticas internacionais em matemática, ciência, leitura, escrita e outros assuntos curriculares. Dentro dessa última, a avaliação mais tradicional é o PISA (Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes).

Atualmente, inúmeros estudos têm sido publicados mostrando que QI e escores do PISA estão fortemente correlacionados com diferentes indicadores escolásticos tradicionais, bem como, econômicos, sociais e de saúde. Ademais, essas correlações têm sido úteis para explicar as grandes disparidades que existem tanto entre nações quanto dentro de uma mesma nação.

 Desse modo, fica claro que o capital humano mensurado pelo QI ou pelo PISA podem ser válida e confiavelmente usados para explicar as diferenças nacionais ou regionais em vários fenômenos sociais. Em outras palavras, o capital humano pode explicar as grandes disparidades na renda média, na expectativa de vida, taxas de mortalidade maternal e infantil, índice de democratização, taxas de criminalidade, indicadores de corrupção, liberdade econômica, qualidade da governança, Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), Índice de Desigualdade (GINI), Taxas de Letramento e Numeramento e outros.

Assim considerando, torna-se imperativo que economistas, que buscam entender as causas das desigualdades ou disparidades humanas, atendam, especialmente, a um peculiar e genuíno traço da natureza humana que é a inteligência. Antes de ser um pária, ela é certamente um ingrediente ativo que provoca diferença.

 

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