
Liderança destrutiva
O processo de liderança tem focado, tradicionalmente, o lado positivo dos líderes. Muitos estudiosos têm tentado explicar quais são as características dos bons líderes, o que eles fazem e quais situações os ajudam a alcançar seus objetivos para o bem dos outros. Contudo, nós, frequentemente, também temos visto líderes fazerem coisas ruins. Você certamente já soube de um líder que atuou predadora e prejudicialmente em relação a pequenos ou grandes grupos, bem como, em relação a uma nação. Agir de modo prejudicial aos outros pode ocorrer mais facilmente quando pessoas são colocadas em posições de poder. Este lado escuro da liderança tem começado a receber atenção neste campo na esperança de que um melhor entendimento acerca do mesmo possa vir a ajudar na prevenção de qual momento isso possa ocorrer.
Liderança destrutiva envolve um líder atuar de maneira contrária aos melhores interesses das organizações e de seus seguidores. De modo geral, teóricos entendem haver três tipos de liderança destrutiva. São eles: liderança suportiva – desleal; liderança tirânica e liderança desfocada. Vamos a elas. Os líderes apoiadores-desleais, usualmente, mantêm bons relacionamentos com seus subordinados, mas negligenciam a organização. Um exemplo? Eles podem prejudicar a organização desviando materiais ou mentindo sobre o tempo trabalhado. Os líderes tirânicos buscam os melhores interesses para a organização. Contudo, não se preocupam com os melhores interesses dos subordinados. Focam em alcançar os objetivos e as estratégias organizacionais, mas tratam seus subordinados pessimamente. Um exemplo? Não dando a estes as informações que eles necessitam, bem como, usando linguagem agressiva e, na maioria das vezes, ameaçando-os e intimidando-os. Já o líder desfocado não percebe o interesse da organização e o de seus subordinados. Um exemplo? Eles ignoram ou atuam contra os interesses tanto de seus seguidores quanto de suas organizações.
Alguns dos traços dos líderes destrutivos são: narcisismo, carisma, orientação para o poder e um sistema radical de valores e crenças. Pessoas narcisistas amam a si próprias, pensando que elas são mais importantes que as outras, únicas merecedoras de grandes benesses. Quando os líderes narcisistas estão em posição de liderança podem se tornar destrutivos porque se preocupam, exclusivamente, com suas necessidades e interesses do que com os interesses de seus seguidores e da organização. Por outro lado, o carisma serve ao líder destrutivo de várias maneiras. Numa delas, um líder com carisma pode vender uma visão que descreve o mundo como instável e assustador, com o propósito de encorajar seus seguidores a pensar que qualquer um pode ameaçar sua segurança pessoal. Líderes carismáticos também são hábeis em comunicar-se com outros, podendo utilizar esta habilidade para manipular as outras pessoas para alcançarem objetivos negativos.
A orientação para o poder implica que ao conferir-se o poder a alguém, também tornamos este alguém mais provável de prejudicar outros. Certamente você já ouviu alguém dizer que “Quanto maior o poder, maior, também, a responsabilidade”. Líderes que são destrutivos podem usar seu poder para satisfazer suas próprias necessidades e desejos enquanto ignorando, ou atuando, contra as necessidades e desejos de outros. Por fim, líderes destrutivos também possuem uma visão de mundo extrema, caracterizada por idéias e ódios radicais. Em alguns casos, há uma forte relação entre crenças ideológicas e violência, especialmente entre líderes religiosos que podem predispor seus seguidores a se engajarem em comportamentos violentos e destrutivos. Há um elevado sentimento de ódio orientado aos que não comungam de seus ideais e valores, ódio, este, que, a seu ver, justifica valer-se seja da violência ou da agressividade para alcançar seus objetivos.
Cumpre destacar que, embora espere-se, costumeiramente, resultados negativos quando um líder é destrutivo, há, atualmente, estudos mostrando que, em alguns casos, a produtividade aumenta, ainda que a mesma tenha vida curta por sua existência só se justificar a fim de evitar comportamento abusivo por parte do líder destrutivo. Em geral, os efeitos da liderança destrutiva sobre os seguidores são diretos, a saber: pobre desempenho, comportamento desviante e stress. Como conseqüência, organizações que empregam líderes destrutivos estão fadadas ao fracasso, seja a curto, seja a longo prazo.