Liderança e Inteligência Emocional: Ambas Importam?

Liderança e Inteligência Emocional: Ambas Importam?

John Kennedy, certa vez, observou que “Liderança e Aprendizagem são indispensáveis uma à outra”. Liderança é a habilidade para conduzir outras pessoas na realização de uma tarefa comum. Mas, como o líder realiza isto? Quais são as qualidades necessárias e∕ou traços que um líder bem sucedido deve possuir para liderar?

Sem dúvida, as teorias da liderança são inúmeras e cada uma delas enfatiza uma diferente dimensão da liderança. Há as teorias que enfatizam as situações ou os cenários organizacionais em que a liderança ocorre. Existem teorias que enfatizam as capacidades ou habilidades dos líderes. Há, também, as teorias que destacam a natureza das tarefas e os relacionamentos nos quais os liderem se envolvem. E, há as teorias que salientam o papel dos traços, ou características inatas, nos líderes no processo de liderança.  Dentre estes traços alguns teóricos ponderam o traço da inteligência analítica, ou seja, nossa capacidade de pensar abstratamente e de resolver problemas originais e inéditos, mas, há também, teóricos que entendem que a inteligência emocional, nossa habilidade de entender nossas próprias emoções, bem como, aquelas dos outros, que é o traço mais importante em conduzir pessoas a alcançarem um objetivo comum.

Inteligência emocional (IE) foi originalmente proposta em 1990 (é um conceito relativamente novo neste domínio)como um termômetro para eficientemente lidar com as próprias emoções e com as emoções de outrem. Ela é, geralmente, definida como a habilidade para perceber, distinguir e expressar emoção, capturar e processar informação emocional, gerar sentimentos, entender o conhecimento emocional e regular as emoções para o crescimento intelectual e emocional.  Alguns outros estudiosos deste domínio descrevem a IE como a capacidade para reconhecer seus próprios sentimentos e aqueles dos outros, para motivar a si próprio e manipular suas próprias emoções e, especialmente, usá-las em nossos relacionamentos.  Em outras palavras, IE é a habilidade para reconhecer nossas emoções e as de outrem, entender o que elas estão nos dizendo e compreender como as emoções afetam as pessoas ao nosso redor.  Em 1997, cientistas desta área revisaram o conceito e entenderam-na como “a habilidade para perceber acuradamente, capturar e expressar emoções; a habilidade para acessar e∕ou gerar sentimentos quando os mesmos facilitam o pensamento; a habilidade para entender as emoções e o conhecimento emocional e a habilidade para regular as emoções para promover o crescimento emocional e intelectual”.

A inteligência emocional e as características correlatas têm sido associadas aos líderes bem sucedidos em muitas arenas da vida organizacional.  Inteligência emocional, usualmente, pode ser decomposta em cinco componentes: autoconsciência, auto regulação, motivação, empatia e habilidade social. A autoconsciência é a habilidade para reconhecer e entender seus próprios sentimentos, estados de ânimo, humor, emoções e impulsos, bem como, aqueles dos outros.  Autoconsciência envolve ser honesto consigo próprio e com os outros.  Indivíduos com elevada autoconsciência conhecem onde estão indo e porque está indo nesta direção. A autoconsciência permite ao líder reconhecer suas potencialidades e suas fraquezas e, também, aceitar as limitações e potencialidades de seus seguidores ou liderados.

A auto regulação é a habilidade para controlar e redirecionar os impulsos e sentimentos, eventualmente, descolocados. Neste fator também se incluem a predisposição para interromper julgamentos e pensar muito antes de agir. Aspectos salientes deste fator incluem a confiança e integridade, lidar confortavelmente com a ambiguidade e, principalmente, abertura para mudanças.  A rigor, grandes líderes devem trabalhar e buscar mudanças visando o melhor para a organização.

Motivação é a paixão pelo trabalho por razões que vão muito além do poder e do status. Motivação também é a predisposição para perseguir objetivos com muita energia e persistência. Líderes emocionalmente inteligentes buscam desafios inteligentes, amam aprender e têm orgulho e se sentem satisfeitos com um trabalho ou tarefa bem feita. A tarefa importante dos líderes emocionalmente inteligentes é fazer seu trabalho, ou tarefas, serem motivacionalmente contagiosas.

Empatia é outra característica da IE e importante para um bom líder. Empatia é a habilidade para entender a configuração emocional, ou o quadro emocional, das outras pessoas e tratar as outras pessoas de acordo com suas reações emocionais. Empatia não significa no processo de liderança em adotar as emoções das outras pessoas e tentar favorecer cada um de seus liderados ou seguidores. Todos sabem que é impossível agradar a todos. Empatia é considerar os sentimentos, os estados de ânimo e as emoções das outras pessoas e incluí-los todos com sabedoria na tomada de decisão inteligente. Lembre-se aqui que o Maestro para dirigir bem a orquestra precisa quase sempre dar as costas para a plateia, mas, sempre ele procurar atender “as motivações” de todos e se volta para compartilhar com os demais músicos o sucesso de uma “peça ou partição” bem sucedida.  Em outras palavras, usando a empatia para promover a colaboração como uma equipe, ou time, ou uma orquestra, e a colaboração é um quesito essencial no processo de assumir responsabilidades como um líder.

Finalmente, habilidade social envolve manejar as relações e edificar relacionamentos e interações sociais variadas. Habilidade social envolve a habilidade para achar um terreno comum e edificar interações. Obter um trabalho bem feito através de outras pessoas é a essência de um bom líder. Nenhum líder é uma ilha. Envolver outras pessoas, uma equipe, um grupo, uma orquestra, num trabalho colaborativo é o segredo para uma liderança bem sucedida. Ninguém, atualmente, realiza qualquer coisa sem a ajuda e suporte de outras pessoas. É difícil ganhar um campeonato sozinho, mesmo sendo Corintiano.

Inteligência emocional é tudo isso e importa muito para um processo de liderança bem sucedido.

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