Liderança e os traços interpessoais
José Aparecido
22 Fev 2016 10:42
Dentre os traços importantes para uma liderança de sucesso, já destacamos os traços cognitivos e os traços de personalidade. Vamos agora tratar de alguns dos traços interpessoais que têm sido investigados pelo fato de, através dos mesmos, um líder ter condições de influenciar outras pessoas a alcançarem as metas organizacionais. Comecemos pelo Maquiavelismo. Trata-se da tendência de uma pessoa controlar e manipular terceiros visando obter ganho pessoal. Pessoas com alto escore de maquiavelismo, resistem a influência de outras, bem como, são mais preocupadas em completar sua próprias tarefas pessoais do que ocuparem-se de aspectos emocionais e morais. Vistas como jogadores de um game, tem sido estudadas por pesquisadores interessados em táticas de manipulação maquiavélicas específicas de líderes organizacionais. Algumas dessas incluindo: mentir, atuar de modo similar ao de pessoas dissimuladas, mascarar informação, exagerar a importância de uma tarefa e ignorar os outros. Além disso, o jogo desempenhado pelos líderes maquiavélicos não parece impactar a habilidade do grupo para funcionar, mas, sim, os membros do grupo estudado não se envolvem socialmente quando trabalham sobre a liderança maquiavélica.
Neste contexto, outro traço estudado é o autoritarismo, ou seja, a tendência de uma pessoa para firmar autoridade e poder nas relações. Pessoas com alto escore em autoritarismo são ditas serem conservadoras, emocionalmente ausentes, buscadoras de poder e resistentes à mudança. Autoritarismo é relacionado a vários aspectos do comportamento de um líder. Para muitos, associa-se a negativo comportamento de liderança. Pessoas com alto grau de autoritarismo são mais prováveis de dar punições para comportamentos errôneos do que recompensas para comportamentos corretos. Ademais, autoritarismo é relacionado a poucos comportamentos de liderança bem-sucedidos, tais como, ser sensível em relação a outras pessoas e contribuir para as realizações dos objetivos do grupo.
Integridade, por sua vez, significa que o comportamento de uma pessoa é consistente com seus valores pessoais e que a pessoa é honesta, ética e confiável. De fato, integridade é uma parte importante da confiança e vários tipos de comportamentos estão relacionados à integridade pessoal. Vamos a eles. Primeiro: pessoas com integridade são honestas e extremamente confiáveis, nunca deixando os outros decepcionados. Líderes perdem a credibilidade quando as pessoas descobrem que eles mentiram ou alongaram a verdade. Segundo: pessoas com integridade cumprem as suas promessas, não querendo fazer acordos com líderes que não são confiáveis, nem capazes de manter suas promessas. Terceiro: pessoas íntegras são leais aos seus seguidores. A confiança dos seguidores, entretanto, será perdida se o líder não demonstrar lealdade. Quarto: pessoas íntegras não revelam segredos. Não dirão a um líder informações importantes e confidenciais caso não confiem nele. Quinto: pessoas com integridade são responsáveis por suas próprias ações. Tomar responsabilidade por suas próprias ações faz os líderes parecerem fortes e confiáveis aos outros. Sexto: o que motiva o comportamento de um líder também pode impactar o sucesso dessa pessoa em ser líder. Por exemplo: muitas pessoas que mantêm posições de liderança são motivadas por necessidade de poder. Esta motivação lhes permite trabalhar em busca de posições elevadas e de autoridade, levando-as a galgar o topo da liderança.
Por outro lado, a necessidade para a realização descreve pessoas que são motivadas pela satisfação que elas sentem quando completam uma tarefa difícil. Essas pessoas preferem realizar tarefas que dependem exclusivamente de suas habilidades e esforços. Gostam de empregos nos quais possam completar suas responsabilidades em seu próprio ritmo, apreciando receber frequentes e concretos feedbacks sobre seu desempenho. Por sua vez, pessoas com baixa necessidade para realização, se satisfazem em fazer apenas o que lhe é solicitado, não tentando elevar padrões de excelência. Finalmente, a necessidade de afiliação descreve pessoas que são motivadas por se sentirem queridas e aceitas pelos outros. Pessoas assim são extremamente sensíveis a sentimentos de rejeição ou de hostilidade de outros. Gostam de empregos nos quais elas possam ter interações sociais com seus amigos, bem como, onde possam trabalhar amigavelmente em equipes cooperativas. Ao contrário, pessoas com baixa necessidade de afiliação, tendem a ser solitárias, evitando atividades sociais e se sentindo desconfortáveis nas interações sociais, tais como, festas, confraternizações etc. Por fim, em todos os casos, há a necessidade de obtenção de poder, a qual descreve pessoas que são motivadas por sua habilidade em influenciar e controlar terceiros. Essas pessoas buscam posições de autoridade, nas quais lhes seja possível influenciar e controlar todos os seus seguidores. Pessoas com baixa necessidade de poder são tímidas, não gostando de mandar terceiros fazerem o que quer que seja.
Na próxima semana, falaremos das habilidades necessárias a uma liderança de sucesso.
