
Líderes e seguidores
Thomas Woodrow Wilson, eleito presidente dos Estados Unidos por duas vezes seguidas, certa vez afirmou que “Os ouvidos do líder devem vibrar com a voz do povo”. De forma ampla, o que ele quis afirmar diz respeito a uma questão fundamental para o entendimento do processo de liderança, isto é, “A quem os líderes lideram”, assim como, “Eles sempre lideram as mesmas pessoas?”, “Que tipos de pessoas são importantes ao líder considerar?”. Líderes não funcionam sozinhos. Devem ter uma pessoa ou grupo para liderarem, a saber, seus seguidores, que podem ser empregados, estudantes, jogadores de uma equipe, trabalhadores voluntários, membros de uma família ou os milhões de brasileiros. Qualquer um que trabalhe com um líder em busca de um objetivo comum é considerado seu seguidor. E, como há muitos tipos de seguidores, torna-se difícil ao líder decidir como atuar considerando todos eles.
Como liderança pode envolver uma ou várias pessoas, e lidar com indivíduos é muito diferente de lidar com um grupo, o líder deve ter uma visão completa não apenas de um indivíduo separadamente, mas, principalmente, do grupo como um todo. Isso significa que, quando liderando grupos, importa que os membros do grupo estejam emocionalmente envolvidos um com o outro, bem como, que trabalhem juntos eficientemente. Cada membro devendo, neste caso, criar sua identidade dentro do próprio grupo, de forma a causar associação com todos do grupo. Quando os membros do grupo se conectam, o grupo torna-se coeso, ao passo que, algumas vezes, os membros tornam-se tão íntimos que ocorre um processo chamado de individualização, isto é, uma situação onde os membros tornam-se emocionalmente envolvidos com o grupo, que chegam a perder a identidade. Isto é ruim porque, individualmente, a atuação dos membros pode ocorrer de modo diverso do tradicional, o que ocasionaria uma menor participação de todos. Membros do grupo fazem isso porque sentem que as consequências de suas ações como indivíduos serão assumidas por todo o grupo. Ou seja, as culpas não são individuais, mas, sim, assumidas, coletivamente, pelo grupo.
A maneira como os líderes e seus seguidores interagem pode depender de várias coisas. Uma forte influência sobre essas interações são as percepções. Se um seguidor é percebido como capaz e confiável, então um líder pode atuar diferentemente em relação a ele do que em casos em que o seguidor é percebido como incapaz ou não confiável. A mesma coisa ocorre para as percepções do seguidor em relação ao líder. Essas percepções sobre o comportamento dos outros são chamadas de atribuições. As atribuições dos seguidores podem ter forte impacto sobre o sucesso dos líderes. Líderes vistos como competentes são mais prováveis de ganhar poder e prestígio, bem como, de avançar posições mais elevadas. As atribuições dos seguidores geralmente são feitas considerando a lealdade do líder, sua competência e, principalmente, o sucesso. Quando os líderes implementam decisões bem-sucedidas, eles ganham créditos, os quais edificam as ideias bem-sucedidas de um líder ao longo do tempo. Já as crenças, os valores e os traços de personalidade tanto dos seguidores individualmente quanto do grupo de seguidores podem afetar o sucesso da liderança.
Finalmente, tanto líderes quanto seguidores engajam-se em comportamentos que influenciam como os outros os percebem. Esses comportamentos são chamados táticas de manejo de imagem pessoal. De fato, os líderes engajam-se nesses comportamentos chamado a atenção para suas realizações e apontando para eventos que eles controlam. Um exemplo? Pense no comportamento de candidatos nas prévias eleitorais. Eles usam a propaganda eleitoral para celebrarem as coisas boas que eles fizeram, raramente mencionando fracassos que tiveram ou minimizando os fracassos tidos, os quais são imputados a causas externas. Ao contrário, os seguidores, por sua vez, nunca se mostram com comportamentos negativos aos seus superiores, sempre se mostrando disponíveis aos líderes e aos demais membros do grupo. Em suma, a interação entre líder e seguidor é similar à vela e à chama: nunca juntas, mas, também, nunca separadas.