A medida da felicidade

A medida da felicidade

           Sentimentos e emoções, assim como, julgamentos sobre casamento, amizade e trabalho, são reflexos fidedignos de reações humanas a eventos do cotidiano, os quais muito respondem pela felicidade. Em seu âmago, encontram-se componentes gerais, como, por exemplo, satisfação com a vida; com trabalho, casamento, religião e amizade; ou específicos, como, por exemplo, afetos positivos e negativos, existindo o primeiro por ocasião de elevada vivência de sentimentos agradáveis, e o segundo, quando da pouca vivência de sentimentos desagradáveis, que, tomados em conjunto, constituem a essência do bem-estar subjetivo.

            Sua captura, de amplo interesse científico, tem sido proposta por meio de quatro indicadores, a saber: (1) Fisiológicos e Neurobiológicos, com o desenvolvimento de instrumentos que capturam ondas cerebrais. Porém, a mensuração da felicidade a partir destes indicadores tem se mostrado difícil porque aspectos cognitivos desempenham um papel importante no julgamento subjetivo da felicidade; (2) Comportamento Social Observável, uma vez que algumas ações comportamentais são mais comumente observáveis em indivíduos que se afirmam mais felizes, tais como empreendedorismo, amizades, filantropia; mas, tais ações podem também ser verificadas em pessoas ditas infelizes; (3) Comportamento Não-Verbal, uma vez que tem sido observada uma correlação moderada entre o grau de felicidade e gestos e/ou expressões faciais refletidas em comportamentos considerados felizes. Novamente, tais ações também podem ser vistas em pessoas consideradas infelizes, e (4) Auto-Registros Avaliativos, nos quais os próprios indivíduos avaliam o seu grau de felicidade. Embora considerados de natureza subjetiva, várias pesquisas têm revelado que as pessoas são capazes de consistentemente avaliar seu próprio grau de bem-estar subjetivo.

            Baseados nesta consistência e fidedignidade os julgamentos individuais, muitos pesquisadores estudam a temática Felicidade fazendo uso de, apenas, uma simples escala, cujo único item, muitas vezes, indagativo, como, por exemplo, “Como você se sente em relação à vida como um todo?”. As respostas podem ser dadas numa escala de 7 categorias, variando de agradável a terrível. Outro exemplo típico consiste em indagar, “Considerando todas as coisas, você diria que você é: muito feliz, feliz, ou não muito feliz”. Outras escalas são mais complexas, compostas por um número maior de questões, que contemplam tanto o afeto positivo, como o negativo, como, por exemplo, “De várias maneiras a minha vida está próxima do ideal” ou, “De uma forma ou de outra, tenho conseguido as coisas mais importantes que almejei na minha vida”. Porém, na última década, pesquisadores priorizaram, em seus estudos, o uso de escalas que, em suas opiniões, melhor avaliam sentimentos e emoções duradouros. Por exemplo, através de métodos de amostragem de experiências naturalísticas, os quais indicaram bem-estar subjetivo em momentos aleatórios do cotidiano, aplicados durante, aproximadamente, uma a quatro semanas, eles conseguiram gerar inúmeros escores mais válidos e precisos. Posteriormente, aplicando uma bateria de diferentes e diversas medidas, muitas vezes complementares entre si, produziram um resultado final, informativamente, mais completo.

         O objetivo de tal procedimento? Se os pesquisadores conseguissem instituir um levantamento ou escore nacional de bem-estar subjetivo municipal e/ou nacional, tal resultado, num futuro próximo, poderia ser considerado um dado valioso para a implementação de políticas ou intervenções públicas que permitisse ao homem, além de mais longevo, ser, também, mais feliz.

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