Medo e Ansiedade no Dentista

Medo e Ansiedade no Dentista

          Consultórios dentários representam fontes potencialmente estressantes para crianças, nestas causando medo, ansiedade e comportamentos aversivos. Em tais circunstâncias, crianças tornam-se particularmente angustiadas pela separação parental, ameaça de dor, perda de controle e dentistas, “estranhos, mascarados de branco, repleto de ‘instrumentos de ‘tortura’ à mão”. O tratamento dentário envolve, de modo geral, muitos estímulos desprazerosos, os quais podem conduzir ao desenvolvimento de ansiedade dentária e problemas de controle comportamental. Certamente, algumas crianças se estressam mais facilmente que outras, e uma compreensão da vulnerabilidade da situação pode ajudar dentistas a identificarem aquelas que mais necessitam de intervenções pré-operativas.

            Neste contexto, tentando identificar quais traços, ou habilidades cognitivas, permitem às crianças lidar, de forma mais adaptativa e menos sofrível, a estes tratamentos, estudo (Acta Odontologica Scandinavica, 2011; 2: 1-7) investigou o impacto do QI (Quociente Intelectual) e do QE (Quociente Emocional) sobre a ansiedade e o comportamento das crianças no dentista. Para isso, crianças, entre 7 e 12 anos, selecionadas por não terem nenhuma história de desordem pós-traumática, ou fobia, relacionada à ida ao dentista, assim como, nenhuma experiência negativa em consultórios médicos, nenhuma experiência prévia de injeções intra-orais e, no mínimo, um molar careado, responderam a um inventário de QE e a um teste de inteligência geral numa primeira sessão. Na segunda sessão, as crianças foram avaliadas por meio de uma escala que capturava comportamentos associados a indicadores sonoros, visuais e motores, presentes ao longo do tratamento, e, também, foram submetidas a uma escala de ansiedade odontológica, que variava de relaxado a muito preocupado.


            Globalmente, os resultados revelaram uma correlação negativa significante nos comportamentos das crianças e o escore total do QE, mas sem ocorrer nenhuma relação entre tais comportamentos e os escores de QI. Uma correlação positiva foi encontrada nos escores da escala de ansiedade e na escala de comportamentos, mas, nenhuma relação foi encontrada entre QE e os escores da escala de ansiedade. Tanto os escores de ansiedade, quanto os de QE, foram variáveis eficientes em predizer os escores comportamentais das crianças.

            Alto QE pode ser mais eficiente que baixo QE em moderar o nível de cooperação durante tratamentos dentários de crianças. Porém, os escores de QI foram relacionados aos escores de QE das crianças. Logo, esforços devem ser feitos para enriquecer ou modificar o QE das crianças, pois, este tem, potencialmente, um forte efeito moderador no comportamento das crianças.

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