A métrica do fator de impacto

A métrica do fator de impacto

           Há 100 anos, James Cattell sugeriu classificar o desempenho dos cientistas, bem como, aplicar um método científico para determinar circunstâncias que promovam ou dificultem o avanço da ciência. A motivação para a avaliação sistemática não mudou muito ao longo destes 100 anos, mas as técnicas de avaliação evoluíram dramaticamente. Cattel entendia que o julgamento especializado, por pares, era o melhor e mais confiável critério para aferir desempenhos. Hoje, uma explosão de indicadores objetivos, usados para quantificar os nebulosos conceitos de qualidade científica, impacto ou prestígio, é o que temos.

            Muitas destas medidas têm sido fomentadas pela rápida disponibilidade de bancos de dados (Web of Science, Scopus e Google Scholar), a ponto de, atualmente, ser quase impossível contar todas as métricas. Em 1991 era possível contar 100 indicadores e, já em 2009, mais de 1.000 métricas diferentes estavam disponíveis. A despeito desta amplitude, dois indicadores têm sido os mais utilizados para calcular o fator de impacto de periódicos e mensurar o impacto individual de cientistas, podendo afetar acesso e progressão, na carreira acadêmica, salários e obtenção de recursos para pesquisa.

            O mais popular é o Fator de Impacto (FI), altamente padronizado, criado por Eugene Garfield em 1963. O FI é a freqüência com que um artigo médio em um periódico é citado. Por exemplo, para 2010, ele iguala-se ao número total de citações em 2010 para itens que o periódico publicou em 2009 e 2008, dividido pelo número de itens citáveis publicados ao longo destes dois anos. Por exemplo, em 2005, 89% do FI da Nature foi produzido por 25% dos artigos nela publicados. O FI aplica-se apenas para aferir a visibilidade de um periódico, mas jamais deve ser usado para avaliar o desempenho de um artigo ou de um cientista individualmente. Fazer isto é um pecado mortal.

            O outro indicador, o índice h, tem se constituído numa melhor métrica para avaliar um cientista, individualmente, por suas citações. Este indicador foi criado, em 2005, pelo físico Jorge Hirsch. De acordo com sua definição, alguém que tem escrito, digamos, 50 artigos, citados, ao menos, 50 vezes, teria um índice h de 50. Ele tem a vantagem de medir, simultaneamente, tanto a produtividade de um artigo, quanto o impacto baseado na citação.

            Embora varie entre domínios científicos, uma vez ser difícil comparar cientistas de domínios distintos, ele pode refletir longevidade, pois, nunca diminui com a idade, mesmo se um pesquisador retire-se totalmente da arena científica. Indicadores, combinados ou não, certamente, são úteis. Mas, a utilidade requer profundo conhecimento sobre o que cada um está, de fato, capturando: impacto imediato, ou tardio, cientista ou instituição, artigo ou periódico.

 

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