Modulação da dor: música e cartuns

Modulação da dor: música e cartuns

Postado em 17 de Abril de 2014 às 10:04 na categoria Avaliação da dor

         Aliviar a dor tem sido o objetivo essencial da prática médica. Para isso, muitos métodos alternativos para controlá-la estão em uso, bem como, têm sido analisados para determinar seus efeitos físico-emocionais em pacientes hospitalizados, sejam estes adultos ou crianças. Uma das alternativas é o uso da música para relaxar pacientes que sofrem de dor. Outra, assistir a cartoons, desenhos animados, com o propósito de reduzir a percepção de dor em pacientes pediátricos. Assim considerando, estudos recentemente publicados analisaram a eficácia destas duas formas alternativas na redução da percepção de dor.

De fato, a música é um importante tópico para a pesquisa em diferentes domínios da anestesiologia e seu uso, no pré-operatório, tem-se mostrado eficaz em reduzir ansiedade, stress e medo. Além disso, no controle da dor pós-operatória, dos cuidados pós-anestésicos e dos cuidados intensivos neonatais, a música pode ser um método complementar para redução da intensidade de dor e dos componentes afetivo-emocionais que a acompanham, tais como, a ansiedade e o stress. A música é um ansiolítico moderado, mas tem se mostrado relativamente ineficaz quando o estímulo doloroso é severo. Todavia, a música, por seu custo irrisório, é facilmente administrada e livre de efeitos adversos, ainda que sua eficácia dependa da disposição de cada paciente individualmente e da severidade da dor percebida.

            Por sua vez, assistir a cartoons para distração, durante procedimentos dolorosos nas Unidades de Emergência, revelou ter um impacto elevado em pacientes pediátricos que apresentavam dor aguda de nível 4 ou mais, quando comparadas com níveis de dor anteriores a qualquer procedimento médico. Neste caso, os dados revelaram que assistir a desenhos animados, em ambientes hospitalares, afeta a percepção de dor na população pediátrica quando esta é avaliada cinco minutos antes do procedimento, especialmente, em crianças muito jovens. Isso indica que o uso de cartoons como distração pode ser eficaz em minimizar a dor antes que as crianças sejam atendidas pelo médico plantonista.

            Considerados juntos, os dados desses estudos independentes revelam que ouvir música, assim como, assistir a cartoons funcionam como importantes moduladores na redução da percepção de dor. Não obstante, seria interessante investigar se um tipo de música é melhor que outros para tal e se desenho animado é melhor que jogar videogame ou assistir televisão nessas circunstâncias. Enquanto isso não ocorre, porém, já fica demonstrado que dor é um fenômeno multifacetado, envolvendo componentes sensoriais, afetivo-emocionais e cognitivos. Dor é tudo o que o paciente sente, como ele sente e do jeito que ele descreve. O auto-registro da dor é o padrão-ouro para sua melhor avaliação.

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