O dialogismo entre inteligência e felicidade (2)

O dialogismo entre inteligência e felicidade (2)

        Como mencionamos alhures, felicidade é um objetivo humano fundamental, valorizado por muitos acima dos bens materiais. Afeto ou emoções positivos, satisfação com a vida, qualidade de vida e bem estar são termos que têm sido usados para definir felicidade. O construto de bem-estar é considerado ter um componente hedônico e outro eudamônico. O primeiro inclui um componente afetivo, como, por exemplo, o sentimento de felicidade e satisfação com a vida; o segundo, autoeficácia, experiência de crescimento pessoal e autorealização, identidade social e contribuição para a sociedade. Além disso, felicidade também tem sido associada à redução da mortalidade tanto em populações saudáveis quanto em adoentadas, contribuindo para a resiliência, a qual reduz o risco de problemas de saúde física e psicológica.

          Por outro lado, da perspectiva econômica, aumentando-se os níveis de felicidade é possível elevar a produtividade, bem como, a satisfação e a criatividade no trabalho. Logo, não surpreende o crescimento de políticas públicas interessadas na promoção da felicidade. Poucos estudos têm examinado a relação entre felicidade e habilidade intelectual. Inteligência é relacionada à educação e sucesso no emprego, sugerindo que pessoas com QI mais elevado podem ser mais felizes. O que leva, portanto, à seguinte questão, “Considerando que felicidade e alta inteligência são independentemente relacionadas a eventos de vida positivos, qual é a associação entre QI e felicidade em nível individual?

            Pesquisadores, para mensurar felicidade, avaliaram respostas de 6870 participantes à questão “Considerando todas as coisas juntas, o quão feliz você diria que é atualmente?”, com as seguintes possibilidades de resposta, “Muito feliz; moderadamente feliz; extremamente infeliz”, bem como, um QI verbal estimado a partir de um teste nacional de leitura.

            Os dados obtidos indicaram que felicidade é significativamente associada com QI. Aqueles na amplitude mais baixa de QI (70-99) registraram os níveis mais baixos de felicidade comparados com os grupos de QI mais elevado (120-129). Ademais, os mesmos pesquisadores também foram hábeis em demonstrar que atividades cotidianas, renda, saúde e sintomas neuróticos foram fortes mediadores da relação QI e Felicidade, uma vez que estes reduziram em 50% a associação entre ambas as variáveis.

            Em resumo, pessoas com QI mais baixo são mais infelizes que as de QI elevado e intervenções que visam à modificação de variáveis como renda, educação e oportunidades de emprego, hábeis em melhorar a saúde física e mental, podem enriquecer os níveis de felicidade daquelas com nível inferior de QI.

            O importante, todavia, é que QI é um determinante de felicidade, embora mediado por variáveis socioeconômicas e clínicas.

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