O fator de impacto, ei-lo ressuscitado...

O fator de impacto, ei-lo ressuscitado...

   O fator de impacto (FI) foi, originalmente, criado como um indicador bibliométrico para estimar a relevância de um periódico científico. Ele é a razão do número de artigos científicos publicados em um periódico num dado ano e as citações que este recebeu durante os dois anos precedentes. Apesar de variadas críticas, o FI é amplamente aceito como um dos mais importantes critérios para a avaliação da importância de um periódico científico e, também, tem sido crescentemente usado para julgar a relevância de artigos isolados, grupos de pesquisas e de cientistas individualmente.  Seu enorme peso na comunidade científica tem dirigido os caminhos da publicação para periódicos com elevados fatores de impacto, trazendo desvantagens para revistas especializadas, e as nacionais, as quais podem ser mais apropriadas para a pesquisa a ser publicada.  Ademais, é preciso levar em conta que apenas um pequeno grupo de periódicos é considerado para cálculo do FI e que os critérios de seleção são muito difusos.

     Há, atualmente, vários critérios para avaliar o FI, sendo a maioria desconhecida pela comunidade científica. O propósito diagnóstico do FI é avaliar a relevância de uma publicação na comunidade científica, bem como, tornar suave o funcionamento e tomadas de decisões das bibliotecas em relação à aquisição de periódicos. Todavia, este não pode ser usado exclusivamente para guiar as atividades de pesquisas e na avaliação do desempenho de cientistas ativamente envolvidos em pesquisa.  O FI é também usado pelos cientistas para julgar a qualidade do periódico citando artigos nele publicados. Conseqüentemente, os pesquisadores podem dirigir suas publicações para revistas cuja qualidade esteja baseada em seus fatores de impacto, e, portanto, reforçando o FI para julgar a qualidade de um pesquisador.

     Nos últimos anos, o impacto do FI ultrapassou os limites da esfera científica, e está se vestindo nova armadura. Por exemplo, os ministros da ciência da Coréia do Sul, China e Paquistão agora oferecem recompensas financeiras para seus cientistas se os mesmos forem hábeis em publicar artigos nos periódicos de alto impacto, tais como a Nature, Science e Cell. A remuneração impressiona, chegando a ser US$ 50.000 na China. No Paquistão, cientistas recebem entre US$ 1.000 e 20.000 na base de seus FI(s) anualmente acumulados. Em muitas instituições, o FI acumulado é o critério mais importante para a promoção, obtenção de auxílios à pesquisa e perspectivas profissionais. Freqüentemente, a publicação em revistas com um alto FI é usada como o único critério de avaliação, mais que a quantificação da própria contribuição científica.

     O que se torna necessário é arranjar um “critério padrão” de avaliação que começa e termina com leitores reconhecidos que decidam sobre o valor e a importância de um trabalho científico após lê-lo atenta e profundamente.

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