O impacto da felicidade na longevidade

O impacto da felicidade na longevidade

       Medidas de bem-estar subjetivo, enquanto indicadores de progresso social, têm sido utilizadas, em algumas nações, na identificação do bem-estar nacional, determinando o Índice Nacional de Felicidade (INF) destas. As razões consideradas para tal uso? Estudos, revelando que estados de afeto positivo, e outras medidas de bem-estar subjetivo, são associados com maior sobrevivência e riscos reduzidos de doenças oriundas do envelhecimento. Muito importante saber é que estes efeitos se mostram independentes do estado inicial de saúde e das emoções negativas, como por exemplo, de estados depressivos dos participantes.

            Um método de avaliação ecológica momentânea, considerado medida altamente válida e fidedigna do bem-estar vivenciado, utilizado por pesquisadores na mensuração do bem-estar subjetivo de uma amostra de 3853 participantes, integrada por homens e mulheres de 52 a 79 anos, num período de cinco anos, demonstraram íntima conexão entre afeto positivo e mortalidade. Tais medidas do afeto positivo foram obtidas em quatro momentos: (1º) durante caminhada às 7h da manhã; (2º) aos 30 minutos, em média, após a caminhada; (3º) às 19 h e (4º) imediatamente antes de dormir. De momento a momento, cada um dos participantes classificava o grau no qual se sentia feliz, excitado, contente, preocupado, ansioso ou amedrontado, numa escala de quatro pontos, que variavam de 1, indicando “nada”, a 4, indicando “extremamente”. O afeto positivo foi computado somando-se os três estados positivos (feliz, excitado e contente) e o afeto negativo, somando-se os estados negativos preocupado, ansioso e amedrontado. As taxas de mortalidade foram obtidas do banco de dados do Censo Nacional de Saúde. O período de acompanhamento médio foi de 60,6 +-2,7 meses.

            Respondentes, classificados no terço inferior dos escores de afeto positivo, tiveram taxa de mortalidade 7,3%, comparada aos 4,6% do grupo com afeto positivo médio e 3,6% do grupo com afeto positivo mais elevado. Afetos negativos, e estados depressivos, não foram relacionados às taxas de sobrevivência.

          Tais resultados indicam que afetos positivos, vivenciados durante um simples dia, têm íntima relação com sobrevivência, que é independente do estado de saúde inicial, e de outras variáveis, agregados. O afeto positivo momentâneo, causalmente relacionado à sobrevivência, pode ser, também, um marcador de fatores biológicos, comportamentais ou de temperamentos subjacentes, ainda que causalidade reversa não possa ser categoricamente descartada. Em conjunto, os dados corroboram o valor de avaliar o afeto vivenciado e a importância de considerar intervenções que promovam felicidade em populações idosas.

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