O paradoxo da felicidade

O paradoxo da felicidade

Postado em 17 de Abril de 2014 às 10:04 na categoria Felicidade

                    Satisfação com a vida constitui o construto mais geral do bem-estar subjetivo. O bem-estar subjetivo é composto, estruturalmente, de três dimensões: alta satisfação com a vida, altos níveis de afeto positivo (felicidade, prazer) e falta de afeto negativo (raiva, depressão). Constitui a dimensão cognitiva do bem-estar subjetivo e refere-se à avaliação global do indivíduo acerca de sua própria vida. É construto relativamente  estável porque se supõe ser altamente hereditário. A dimensão afetiva da felicidade refere-se aos sentimentos positivos e negativos relacionados à experiência imediata de um indivíduo. As dimensões cognitivas e afetivas do bem-estar subjetivo são consideradas como separadas, mas construtos relacionados com uma alta correlação de satisfação com a vida e com afeto positivo do que com afeto negativo.

                Um dos tópicos mais importantes no campo do bem-estar subjetivo é a relação entre felicidade e idade. A satisfação com a vida é considerada como um indicador-chave do envelhecimento bem sucedido. O fato de bem-estar subjetivo pode suportar declínios cognitivos e físicos, bem como, perdas sociais na maturidade, é amplamente considerado como um paradoxo. Esta falta de declínio do bem-estar subjetivo relacionado com o envelhecimento tem sido qualificada como um paradoxo porque é intuitivamente esperado que, com um aumento nos riscos e perdas na idade avançada, torna-se razoavelmente difícil manter o nível de bem-estar subjetivo constante.

                Para verificar esse paradoxo, um estudo avaliou a satisfação com a vida numa amostra de indivíduos entre 62 e 95 anos de idade, num primeiro momento, por um período de 8 anos, capturando-lhes o nível de satisfação com a vida em cinco ondas de dados. Tal satisfação foi avaliada através de cinco itens, estimados numa escala de 7 categorias (de discorda totalmente a concorda totalmente). Os itens foram: “Na maioria das vezes, minha vida é próxima do meu ideal.”, “As condições de minha vida são excelentes.”, “Estou satisfeito com minha vida.”, “Até agora, tenho alcançado coisas importantes que eu quero na vida.” e “Se eu pudesse viver minha vida novamente, eu não mudaria nada.”. Ademais, os participantes responderam a uma questão geral acerca de como percebiam a própria saúde.


                Globalmente, os resultados fornecem evidências positivas de uma mudança significativa na maturidade, isto é, indicando que a suposição da estabilidade dos indicadores de satisfação com a vida entre a população idosa não foi corroborada. O valor positivo da taxa de crescimento da satisfação com a vida, controlando idade, gênero, educação e percepção da própria saúde, indicou um aumento linear para o período de 8 anos analisado. Logo, tais dados suportam a idéia do paradoxo do bem-estar na vida madura, reforçando a ideia de que envelhecimento não torna as pessoas menos felizes.

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