
O Prefeito (Líder) que queremos
Num encontro entre líderes de diferentes nações, Bill Clinton, com sua fineza argumentativa, questionou Mandela que o mesmo transparecia extrema integridade, ao que este “detonou”, “Não a tenho nem mais, nem menos: simplesmente a tenho.”. A rigor, em Ribeirão Preto, esse traço cardinal de Mandela bastaria para o prefeito que queremos, pois integridade é algo que tem sido raro no cenário político brasileiro. Há exceções, certamente, das quais devemos nos orgulhar.
Liderança é mais um conceito popular que científico. Iguais a muitos outros, esse tem sido usado em diferentes contextos e de modos variados. Quando importamos tais conceitos para dentro do cenário da ciência, trazemos com ele uma variedade de significados escondidos. Isso porque uma coisa é usarmos termos neutros, tais como, alfa ou beta e, outra, é usar rótulos populares, emocionalmente carregados, tais como, liderança, inteligência, bem-estar subjetivo, qualidade de vida e similares. Qualquer que seja o contexto em que o termo liderança seja empregado, necessitamos, ao menos, explicitar seus significados quando o usamos.
Comumente, liderança é definida como processo de influenciar outros para alcançar objetivos organizacionais previamente estabelecidos. Nesta definição, não há menção de valor, ética, moral ou virtude. Todavia, ela levanta a questão de liderança, num contexto institucional, resumir-se a uma simples habilidade para influenciar os outros a alcançarem objetivos, não importando os meios para alcançá-los. A resposta é: naturalmente não! As definições mais comumente usadas são claramente amorais e, portanto, são, frequentemente, seguidas por listas de “bons” atributos ou características do líder que incluem termos como integridade, honestidade, imparcialidade, humanitário, competente, etc. Talvez, a melhor, e mais ampla, definição de liderança seja: habilidade para influenciar os indivíduos, por meio da razão e inclusão, objetivando alcançar metas institucionais que visem, em longo prazo, os melhores interesses de todos aqueles envolvidos com o bem-estar da sociedade. Esta definição tem duas grandes vantagens: a) inclui moralidade e desejo de ver outros indivíduos genuinamente envolvidos no processo e b) envolve um ambiente institucional muito maior: a sociedade. Em outras palavras, essa definição promove a “boa” liderança e, não somente, a liderança eficiente ou eficaz.
Certamente, o Prefeito deve ser um líder com características para exercer uma boa liderança, as quais não podem ser observadas como ingredientes separados, e, sim, como parte de um todo integrado, como, por exemplo:
1) Comunicativo:- A habilidade para consistentemente se comunicar clara e concisamente, tanto na forma oral quanto na escrita. Isto inclui a escolha para ouvir. Ouvir é importante porque valoriza o outro, tanto como pessoa quanto colaborador pró-ativo, e disso se pode extrair informações importantes e relevantes que podem ajudar organizações a alcançarem seus objetivos. Também, liderança comunicativa envolve habilidade para articular idéias, visão e inspiração, além de fornecer “feedback”, fomentar filosofias práticas e valores, os quais são, juntos, necessidades inerentes ao processo para alcançar o bem-estar subjetivo social.
2) Integridade:- Ações – não somente palavras – que espelham honestidade, confiança, imparcialidade, ética e altos valores morais, demonstrativos vitais que são de um bom líder. É de Thomas Jefferson que, “Qualquer coisa que você esteja fazendo, ainda que possa ser conhecida somente por você, deve ser questionada para verificar como você agiria quando todos estivessem olhando para você. Feito isso, aja corretamente”. Importante: as pessoas estão sempre observando, e os verdadeiros líderes fazem as coisas certas, na hora certa e de maneira correta.
3) Interesse genuíno nos outros:- Um interesse sincero no outro, como pessoa e cidadão, bem como, no seu bem-estar, crescimento pessoal, necessidades físico-emocionais e no valor de sua contribuição ao mundo, certamente é um grande e importante fator na liderança, germinando lealdade e comprometimento ao líder. Um bom líder cuida e valoriza do próximo.
4) Reconhece e recompensa o desempenho:- O líder deve demonstrar que é um verdadeiro admirador do talento, reconhecendo as pessoas talentosas, e honrando aquelas que são excelentes num particular campo do saber. Esta característica, portanto, pressupõe, e inclui, a importância e a prática da delegação.
5) Orientação da equipe:- Um líder reconhece as suas próprias deficiências e limitações inerentes a um simples indivíduo. Com este reconhecimento, uma abordagem de equipe deve ser empregada. Salomão, conhecido por sua sabedoria, e empreendedorismo original, escreveu no Eclesiastes, “Dois é maior que um, tal qual será maior o produto de seus trabalhos”. Um verdadeiro líder seleciona indivíduos em função de suas habilidades, encadeando seus talentos. Um time é formado a partir da premissa de que os jogadores aumentam e complementam-se uns aos outros. O líder é “treinador” que facilita, assiste, ensina e motiva!
6) Visionário e orientado para idéias:- A liderança nunca negligencia o longo prazo. Um bom líder exercita a intuição com racionalidade, enfatizando a necessidade das idéias. Henry Ford invocou o provérbio: “Sem ser visionário, o político fracassa”; Napoleão Bonaparte frisou: “Imaginação move o mundo”. Este atributo é o mais carismático e o de maior alcance para todos. O líder deve se espelhar no exemplo grandioso de Santos Dumont, que nos permitiu atingir outro continente em questão de poucas horas.
7) Decisão e responsabilidade:- Poucos líderes se sentem confortáveis em tomar decisões de grande escala; poucos assumindo responsabilidade por essas decisões. Um líder deve ser capaz de tomar decisões difíceis, assumindo responsabilidade por elas, mesmo se não estiver pessoalmente envolvido em sua execução. Tomada de decisão é combinação de coragem, avaliação de risco e, ultimamente, “um ato de fé”. Para ser inovador e visionário, um líder deve tomar decisões que freqüentemente ninguém toma. James Crook disse: “Um homem que quer liderar a orquestra deve dar suas costas para a multidão”. Responsabilidade é a segunda metade da tomada de decisão. Ser responsável por todas as decisões no contexto da liderança é o “batismo de fogo” que testa e tempera o metal de que um líder é feito.
8) Competência:- Esta característica vai além das noções de inteligência, conhecimento e treinamento formais e, mesmo, da experiência. Ela é uma disposição global derivada destas noções. Desempenho e resultados favoráveis em diferentes situações, e com diferentes equipes, demonstram a existência de competência. Essa disposição fomenta segurança para todos, porque as pessoas acreditam na habilidade do líder para novamente liderar com sucesso.
Para ser um Prefeito, uma pessoa deve, consistentemente, refletir um conjunto de características próprias de um líder. Ela deve ser hábil em proteger a qualidade de suas decisões e em criar comprometimento dos membros de sua equipe a essas decisões, bem como, do município que está dirigindo para com elas.
Pergunta-se: “Será que este Prefeito existe entre nossos candidatos?”.