
O que faz a diferença?
A
epidemiologia cognitiva, ao investigar como a inteligência está relacionada com
saúde, doenças e mortalidade, reconhece inteligência como excelente preditor de
desempenho educacional e ocupacional, e que inúmeras são as evidências indicando
pessoas com alta inteligência tendem a obter as mais elevadas credenciais
educacionais, bem como, as melhores pontuações em testes de desempenho e os
empregos mais profissionalizados e com melhores desempenhos ocupacionais. Recentemente,
têm sido reveladas evidências indicando que pessoas com inteligência mais
elevada tendem a viver mais tempo, com melhor saúde e estilo de vida mais
saudável.
Apesar da validade preditiva da
inteligência, ainda permanecem controvérsias acerca do papel da inteligência e do
nível socioeconômico, pois, muitos epidemiologistas acreditam que este último
parece ser a causa primária das disparidades da saúde das pessoas. Especulou-se
que pessoas intelectualmente hábeis eram fisicamente fracas e doentias em
relação aos seus pares normativos. Este mito foi falsificado num dos primeiros
estudos sobre epidemiologia cognitiva. Neste, estudadas as histórias médicas e
de saúde de pessoas situadas na extremidade superior de 1% do QI, a relação
entre o talento e a saúde psicológica e física foi examinada e, ao contrário do
popularizado, dados revelaram que indivíduos intelectualmente talentosos tendem
a ser mais saudáveis do que os seus pares normativos. Em adição, apesar de tenderem
a ser mais socialmente ajustados, o fato de residirem em moradias acima da
média socioeconômica geral, uma questão permaneceu: seria o bem estar físico e
psicológico determinado pela habilidade ou pela vantagem econômica dos
participantes?
Esta questão foi respondida por um
estudo em que grande amostra, aleatoriamente estratificada, e envolvendo
estudantes, foi selecionada da extremidade superior de 1% do QI para cada sexo,
bem como, 1% da extremidade superior, num índice do nível socioeconômico.
Assim, quatro grupos foram constituídos: meninos e meninas ou talentosos ou de
ambientes privilegiados. Posteriormente, compararam-se os prontuários médicos e
o bem-estar físico por sexo em 43 indicadores da saúde e bem-estar físico e
médico.
Comparações entre os grupos revelaram
que, em essência, os níveis mais elevados de saúde foram encontrados tanto nos
talentosos, quanto nos privilegiados quando comparados às normas. Todavia, o
bem-estar físico e médico parece ser mais fortemente associado com níveis extremos
do talento intelectual que com níveis extremos do privilégio sócio-econômico. Os
participantes, intelectualmente talentosos, foram, física e medicamente, mais
saudáveis do que os privilegiados, ainda que os talentosos tenham sido criados
em residências de características bem abaixo dos privilegiados. Para uma
diferença ser uma diferença ela deve fazer diferença: A habilidade cognitiva
faz uma real diferença na vida.