
O tempo muda a percepção do tato?
Habilidades motoras finas, incluindo a precisão e acurácia das percepções háptica e tátil, são fundamentais para a manipulação de objetos que variam em dimensões espaciais, temperatura e textura. Embora se saiba que com o aumento da idade ocorre uma diminuição na acurácia perceptiva, ainda é limitado nosso conhecimento sobre a percepção do tato em adultos de meia- idade e idosos, a qual pode ser dividida em passiva (tátil) e ativa (háptica).
Não obstante, estudo recentemente publicado no Experimental Brain Research (12 November 2011) investigou em que medida o declínio da percepção do tato afeta os adultos ao longo de sua vida profissional. Participaram da análise três grupos nas idades de 18-25, 34-46 e 54-65 anos, com dois níveis de especialização distinguidos em função das ocupações de seus participantes. Estes realizaram quatro tarefas táteis e uma tarefa háptica, sendo que nas primeiras a mão mantinha-se passiva e os diferentes estímulos eram apresentados na ponta do dedo indicador direito, e na última os estímulos podiam ser ativamente explorados com a mão direita. Em todas, a visão dos participantes foi obstruída por uma cortina que os impediam de ver sua mão ou o estímulo utilizado numa dada tarefa. As tarefas envolviam detecção de limiar tatual, habilidade de discriminação espacial, habilidade de discriminação temporal, discriminação de padrões e discriminação de objetos.
Os resultados indicaram que, em todas as tarefas, jovens e adultos de meia-idade desempenharam melhor do que os idosos, tendo limiares e erros menores do que os idosos. Os participantes de meia-idade desempenharam no mesmo nível que os jovens, ou entre os desempenhos dos jovens e dos idosos, dependendo da tarefa. Nas tarefas táteis, os efeitos da idade sobre a acurácia das respostas foram significativos, com menor desempenho para os idosos. Na tarefa háptica foi revelada apenas uma tendência, isto é, um efeito marginal, da idade. Por outro lado, especialização relacionada a ocupação não parece afetar a percepção tátil e nem a háptica, e não está associada com o declínio etário. Com o aumento da idade, a percepção tátil diminui ao longo da vida profissional e a expertise não impede estas perdas e nem enriquece a percepção tátil geral mensurada em diferentes tarefas táteis e háptica.
Assim, parece que o envelhecimento da percepção tatual inicia-se lentamente na 3ª e 4ª décadas e acelera-se com o envelhecimento. O ponto em que o declínio relacionado com a idade torna-se mais saliente e, significativamente, afeta o desempenho parece estar entre os grupos de meia-idade e o de idosos, ou seja, no final da 5ª década ou início da 6ª década, respectivamente.